DEUSES E DEMÔNIOS

Quando pensei viver a primavera de minhas emoções, foi quando conheci os demônios dentro dos deuses, quando cada ato divinamente humano pareceu monstruosamente imerso num lamaçal de sensações pérfidas, e cruéis. O Demônio não me pareceu um ser ruim, ao contrário me oferecia todos os prazeres que possuía e ia aos poucos me trancando em seu mundo, num labirinto de trágicas doçuras. Minha LUZ interior jazia morta, mas deixou-me fortes marcas, como quando me pego dizendo: O homem que devora o monstro se torna monstro, porém o monstro não se torna homem ao devorá-lo. Não quero agora fazer alusão à divindade em cada ser, mas se há algo de demoníaco nos seres humanos, não podemos esquecer que igualmente somos divinos, porque somos criaturas, em tese criadas por um Deus, logo filhos legítimos da Divindade, e por questões de lógica, o criador que tudo criou também é o criador de todos e cada um dos Demônios, que por sua vez não passam de nossos irmãos. Mas que como filhos legítimos de Deus, somos imediatamente expostos às sombras provavelmente pra aprendermos a refletir a luz de nosso criador. Portanto quanto maior as sombras nas quais estivermos imersos, maior será o alcance da luz que já tivermos Absorvido. Quão ínfimo pode ser um pequeno palito de fósforo, no entanto na escuridão sua tímida luz tudo clareia e transforma, embora sua existência seja curta e frágil..

Por isso quando revivo em minha alma as sensações dessa primavera de emoções, sei que estive embriagada no ódio, no rancor, na mágoa, e alimentei em meu coração esses sentimentos e esse ressentimento cresceu tão assustadoramente mais que não havia razão pra enxergar que o amor era ainda vivo. Que o amor gotejava em meu peito e nada mais era toda a angustia que sentia senão a necessidade e de me jogar de volta naquele que era o caminho que eu havia me programado pra viver. Não que ao negarmos o amor ele nos negue de volta, mas porque ele nos espera, nos compreende, e compreendendo-nos somos jogamos no lamaçal de culpas, por que não nos amamos o suficiente pra nos compreender, e as desculpas alimentam ainda mais o rancor, e a magoa, como um circulo vicioso, um labirinto no qual se torna cada segundo mais difícil sair. É quando a culpa se mostra extremamente perigosa, porque é exatamente ela que nos faz esquecer que existe o perdão, esquecer que as magoas se dissipam, e nos esquecer o amor, que ainda espera, porque é a luz, a qual deveríamos, empunhar para encontrarmos o caminho de volta, onde tudo começou e tudo há de voltar, ao Amor indubitavelmente.