PRECISO DE UMA ETERNIDADE

Se o eterno existisse, cancelaria meu plano de saúde, rasgaria meus boletos bancários e quebraria meus cartões de crédito.

Mandaria demolir minha casa, queimaria minhas roupas e andaria nu pelas ruas. Iria a pé até o Japão só pra comprar um Sushi e traria de lá um salmão congelado, só pra presentear meu gatinho que tanto gosta de peixe.

Se a eternidade existisse, pularia todo dia de Bungee Jump, saltaria de asa deltas do Cristo Redentor e desceria o Corcovado em cima de um carrinho de rolemã.

Se a eternidade existisse, desafiaria meus medos, colocaria fogo no próprio corpo, só pra não precisar acender a luz do quarto.

Riria tanto da morte... “Aquela estúpida que já não nos venceria”

Se a eternidade existisse, dançaria de manhã uma bossa nova, desenharia num papel os meus sonhos e pela noite, pularia numa piscina bem gelada, só pra contrariar minha mãe e a tal da “gripe”...

Não levaria agasalhos no inverno, tomaria sorvete com Coca-Cola gelada e andaria nu outra vez, só pra contrariar o tal do “frio”.

Se a eternidade existisse, prenderia a fome e a guerra com penas de prisão perpétua, só pra vê-las reclusas e solitárias por todos os tempos.

Encheria o peito pra falar das doenças que não nos venceriam, da pobreza que não mais castigaria e dos leitos vazios de hospitais fechados.

Se a eternidade existisse, teria amigas de 159 anos que curtem skate e adoram passear de mãos dadas pelas ruas.

Brincaria com minha cachorrinha de 72 anos de pega-pega e abominaria deixá-la em casa pra ir trabalhar, afinal, pra quê trabalho se eu tenho o eterno?

Se a eternidade existisse, moraria uma temporada de 200 anos com minha mãe, 300 anos com meu amor e deixaria 400 anos só pra viver comigo... (vai que caia na monotonia?).

Não dormiria nunca, amaria muito, beberia sempre, dançaria até o disco acabar e no final de tudo, assistiria ao pôr-do-sol sobre a sacada do Farol da Barra.

Faria amor sem fim, beijaria eternamente, abraçaria por uma vida e depois diria “até logo”, pois precisaria de água pra matar a sede de tantos exercícios.

Se a eternidade existisse não teria medo do fim, não teria receio da dor e não perderia nunca meus amores.

Teria 269 filhos, 2698 netos, 258472 bisnetos, 2365895 tataranetos e só não continuaria esse genealogia, pois não sei quem vem depois...

Amaria sempre, sorriria até a boca doer, só choraria se fosse por excesso de felicidade e só piscaria em ocasiões que tivesse certeza que não perderia nada.

Eu até que cometeria uns erros, só porque saberia que consertaria depois.

Eu nem terminaria de escrever isso aqui...

... Se a eternidade existisse, isso não terminaria num simples e fatídico...

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FIM.

Thiago Leão
Enviado por Thiago Leão em 08/08/2013
Código do texto: T4425434
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