Um desabafo sobre você
Quando você perde a noção tempo, sentado na mesma cama por anos a fio, coberto de desejos inexplicáveis, e começa a sacar isso, aí você fica assustado.
Mas você já se perguntou o que sente? O que realmente sente?
Seria desejo apenas, vontade ou medo?
Se você pudesse escolher, qual seria? Ou seriam os três?
Tudo vira receio quando você não parece legal, a palavra causa dor, que tal aproveitar o silêncio?
Seja no sono, na fuga ou na raiva. A dor sempre prevalece.
Ainda mais quando se tem duvidas de si mesmo, do mundo...
E as duvidas parecem tão reais...
Você espera um contato, um sinal de vida divino ou além, mas o mundo todo parece aquém a você, e depois disso, não se sabe pra onde correr...
Daí você se percebe sozinho no mundo, e sente aquela solidão que bate nos ossos, e causa frio, mesmo nesse calor escaldante chamado paixão.
Então você começa a perceber que você não está sozinho nessa, e que existe uma multidão junto, sofrendo de coisas parecidas, desilusões, corações partidos, espera de cartas, lembranças, ou apenas sentados esperando o seu grande amor voltar...
Enquanto tantos outros têm a sorte batendo na porta, e descobrem amores novos, e agora apenas curtem sua paixão, carregada de emoção.
Então você se vê perdido mesmo assim, sozinho no meio da multidão, dono de seu próprio drama, e fica encantado de como o mundo pode ser tão cinza pra você, e colorido para os outros.
O gramado do vizinho sempre parece mais verde, e o seu... Bom o seu não cresce, simples assim...
Alguns tentam criar esperanças, e correm atrás dos desejos enquanto sorriem se mantendo fortes, outros desistem dos sonhos, e alguns ficam apenas perplexos.
Você fica esperando o tempo passar, a solidão aumentar, e faz disso o seu pilar, vira amante da solidão, e o silencio se torna seu novo amor.
Ouvindo gritos de musicas distantes, seja no violão ou pandeiro, a eternidade se faz amiga, companheira de boas horas, ou más.
Aí você se pega chorando, gritando por dentro, fechando sua boca e abrindo sua mente, deixando a porta aberta para seus medos e receios, criando expectativas que vão se tornar cicatrizes, engolindo essas palavras, o adeus se torna pertinente.
Mas você não quer adeus, muito pelo contrario, você quer amor, desejo, sentimento, vento na cara, brisa nos cabelos, e um coração de ouro só seu, que não precisa ser exatamente o seu.
E fica ai sentado, esperando que isso aconteça, querendo que a próxima conhecida seja ela, a pessoa ideal, sonhando dentro de realidades virtuais, criadas por uma mensagem carinhosa mandada no meio da noite.
E você sorri, olhando pro teto, fumando seu ultimo cigarro ou pensando no que fazer agora pra matar o tédio solitário, que é seu único inconveniente desde que você está sozinho.
Você dorme, malha, escreve, conversa, vive, existe, mas isso não é o suficiente, você quer simplesmente aquela pessoa, aquele ser, você quer o cheiro, o abraço, o carinho, matar a saudade... Como se isso fosse resolver todos os problemas do mundo, trazer a paz mundial...
Alguns param pra escutar suas historias, outros para pensar consigo mesmos, ou ouvir conselhos de alguém que não está bem para aconselhar, mas é assim que acontece...
É assim que a solidão funciona, é assim que o amor doído funciona...
O pior de tudo, é descobrir que esse você que eu tanto falo, na verdade sou eu...