MERECIMENTO... DEDICAÇÃO...

NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 25 DE OUTUBRO DE 2013

Se mereces a minha dedicação? Bem, tenho procurado compreender-te, no decorrer da nossa já tão longa vida (quase um lustro de vida), tentado compreender, principalmente, o que nunca fui capaz de compreender.

Se mereces a minha dedicação? Preciso admitir que o mais difícil de aceitar tem sido, desde sempre, o fato de que te escudaste desde sempre para estares diante de mim e diante de ti em tudo o que se referisse a mim, como se eu te fosse desde sempre um adversário perigoso, potencialmente letal; assim me fizeste sentir, como uma Carmen cruel, a que veio para te fazer cumprir um destino sem nenhuma saída, nenhuma, e isso, espantosamente, antes ainda do surgimento do outro, do nosso divisor de águas, do outro também imenso mistério da minha vida. Apesar do enlevo do tempo mágico, jamais, jamais me admitiste como alguém verdadeiramente real dentro de ti. E, se eu nunca te fui verdadeiramente real, por que a única coisa real se tornou a minha “traição”? Tu me fizeste sentir, sempre, que eu te encurralava com meu amor, tu, encurralado por teu amor por mim, mesmo em momentos dos nossos tempos de ouro puro; mesmo neles e no decorrer de toda esta nossa vida, espantosa vida, como um mito tornado carne.

Se mereces a minha dedicação? Não o sei, sei apenas que ela tem sido tua desde sempre e que não saberia como retirá-la de ti, esta minha dedicação a ti. Como posso arrancá-la de mim, de nossa vida, mesmo sabendo nossa vida sempre desde sempre tão tarde demais? Mesmo não sabendo como eu seja, hoje, em ti. Não sei o que daria para saber o que sou, hoje, efetivamente, em ti, mesmo tarde demais. Mesmo assim. Ah, quase 25 anos! Como isso tudo e muito, muito mais, foi e continua, ainda, acontecendo? Como, Amigo meu?