Deixem Eu Ir Pra Rua

Mamãe e Papai,

Eu entendo que o medo é grande e o amor é ainda maior. Mas se eu, jovem, não for à luta, quem vai lutar por um futuro melhor? Da minha parte entendam: eu não quero confusão. Vou pela paz e pela justiça, vou pela Manifestação. Estarei cercada de amigos, não de um bando de traiçoeiros. Estarei protegida pela fé e cercada por outros guerreiros.

Quero fazer parte de um novo Brasil que acorda. Já que a oportunidade veio, por que não fazer agora? É claro que existe briga, é óbvio que é perigoso. Mas o carnaval tem mais violência e, mesmo assim, se aproveita o gozo. Quantos lutaram na Ditadura, para que nós tivéssemos a liberdade? Não é essa a nossa vez de lutar, por um pouco mais de dignidade?

Não sejam tão pessimistas, não pensem em baderna e em morte. Se, ao seu ver, eu sempre fui especial, por que não contar um pouco com a sorte? Pensem na história e no orgulho, que eu levarei para sempre, de ter lutado por algo nobre e de ter seguido em frente. Não adianta reclamar em casa, ou em alguma redação de vestibular, se eu mesma não faço nada para o meu país mudar. É questão de honra, é questão histórica. É questão de fazer, e de não ser hipócrita!

Entendo que o medo não deixa que se esqueçam do perigo, mas de que adianta criar um jovem numa redoma de vidro? É hora de eu quebrar um pouco a cara e ver o que é a vida, pois ainda não tenho nada a perder, mas tenho uma lição a ser aprendida. Está na hora de eu ser um pouco mais adulta e de lutar com as minhas esperanças. E se vocês não me deixarem ir, ao menos comprem presente no Dia das Crianças!

Ingrid Flores
Enviado por Ingrid Flores em 21/11/2013
Código do texto: T4580374
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