CARTA AOS INTERNAUTAS

Esqueçam o que te disseram sobre a paz e o amor e os homens. Palavras bonitas em um poema. Palavras doces e suaves de um poema. Mas o poema não atira. O poema não bate. As palavras do branco verso não esbofeteiam. O doce poema não é um tapa.

Esqueçam o que te disseram sobre conservação e sustentabilidade. Grande palavra para pequenas ações. Muitos dizem que são nas pequenas ações que se operam os sonhos. Mas são pequenas demais. Enquanto isso, as águas da Guanabara continuam escuras, as águas do Tietê matam e fedem. Carros e celulares e traquitanas chinesas continuam sendo fabricadas aos montes. Eles não param! O lixo não para! A corrupção não para! o desmatamento não para! O vício não para!

Esqueçam o que te disseram sobre um mundo novo! Um mundo digital! Imagens perfeitas e acessibilidade! Nunca, na história humana, a civilização teve acesso a tanta informação. Contudo, o que se faz com a informação? Que informações são, de fato, absorvidas? Fotos e fofocas cotidianas. Besteiras de celebridades! Bizarrices e asneiras diárias! Ninguém parece ser mais livre. Todos com celulares não mãos. Ninguém vê o carro, ninguém vê o sol, ninguém vê o outro. É a tela! E a tela somente...

O poema é suave e bonito. Fora da janela, há o sol e o mar e o vento no rosto, mas os olhos humanos estão preocupados com a tela. Com a tela somente...

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 10/12/2013
Código do texto: T4605917
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