Carta de um amante à sua amada

Estranhei a ausência do seu corpo, o calor da sua pele, irradiando aquilo que sempre desejei.

Tenho saudade do amor táctil que desfrutávamos: o seu corpo sinuoso, suas pernas, os seios que se alteavam, sustentados, belos, tudo isso coberto pela sua roupa de dormir.

Penso: porque te quero? Fosse nem um motivo, seria pelo seu riso, por você enlaçar-me com as pernas, beijar minha boca deixando-me marcado de batom, tudo isso entremeado com seu riso tão belo.

Depois de tudo, sentir a sua pele contra a minha, os seus seios no meu peito, a viagem das nossas bocas, mãos rebeldes, sem regras a nos dar um sentido de eternidade em tudo o que fazemos, que queremos, em tudo o que desejamos.

A volúpia transmuta-se em algo que desenha filigranas nobres em nossos corpos e nas nossas almas. Haveria espaço para vivermos mais, depois de tudo isso?

Sim! Existirá, sempre, o espaço cavado com nossas mãos, com nossos risos, com a cumplicidade gestada a cada dia, a eterna busca de , em sendo dois, sermos apenas um, até que, em algum momento, a vida nos indique novos caminhos.

Agora, no entanto, escrevo-lhe essa carta lastimando sua ausência, dando-lhe ciência do descaminho que vivo sem você.

Assim sendo, digo que apenas a sua presença seá sinal de completude

André Vieira
Enviado por André Vieira em 23/04/2007
Código do texto: T460815