Carta ao Medo

Ilustríssimo Senhor Medo,

Eu sempre tive pavor do Senhor.
Da sua vontade,da sua atitude,
da sua idade,da sua maldade,
da sua chegada,da sua partida,
da sua charada,da sua morada,
da sua jogada,da sua virada,
da sua cretina dominação !!!

Eu também sempre tive muito temor de seus ataques,
das suas fúrias,das suas investidas
das suas afrontas,das suas amarras
das suas regras,das suas quebras,
das suas grades,das suas barras,
das suas farras ,das suas garras,
da sua abjeta escravização !!!

E assim, apesar de toda essa aversão,
nunca consegui lhe dizer não
e quanto mais de ti afastava,
mais me submetia à sua atuação.

E mais e mais me tornava sua...
Sua rota, sua rua, sua presa, sua Lua.
Meu torpor, seu fascínio...
Minha alma, seus grilhões...
À mercê de seu domínio,
encarcerada em seus porões !!!

Agora que já sabes tudo,
é hora de te contar,
Que hoje fui resgatada
por forças de além mar

E essas forças vertentes
me erguem pra te informar:
- Medo, seus elos, ligas e correntes
não podem mais me aprisionar

Aos efeitos das suas causas,
aos desígnios de seu desdém,
pois que hoje liberto o poeta
e te faço o meu Refém !!!

By: jÜjÜ Martins – 11/03/2007 – 19hs30min.