CARTA DE MÃE...

A minha querida filha... obrigada por sua existência e pelo meu aprendizado.

Hoje, mais um segundo domingo de mais um mês de Maio.

Alguém,movido por boas intenções, acredito, promulgou que este seria o dia das mães.

E todos acreditaram.

O comércio se agita, ninguém entra nos shoppings, os restaurantes lotam com reservas para o almoço, o telefone toca mil vezes, as floriculturas não dão conta dos pedidos, cestas de “café da manhã” congestionam os elevadores, mensagens pelo celular...serenatas... trovadores...abraços ...beijos...presentes... infinitos “eu te amo”...

Mas...não existe mães fictícias de ‘um só dia”, e no dia seguinte, todas voltamos a ser mães de verdade.

Voltamos a ser mães vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias seguidos, que se seguem nos anos das dúvidas, desde o abençoado dia que em que nossos filhos nasceram.

Talvez seja nesse único dia intitulado de “Dias das mães”, que verdadeiramente folgamos de ser mãe, respiramos fundo, e tomamos consciência do difícil e maravilhoso papel que nos cabe.

Difícil sim, posto que necessitamos aprender todos os dias, a ensinar aquilo tudo que nos delegam...mas que nem sempre nos foi ensinado.

Temos que aprender a doutrinar um Amor Maior...

O único diploma de curso superior que dispensa a universidade.

Basta-nos a árdua escola da vida, aquela que enfrentamos dia após dia, entre erros e acertos...na qual não há apostilas e nem monografias de “como ser mãe’.

Precisamos nos despir dos nossos medos, das nossas inseguranças, das nossas carências, dos nossos desejos, da nossa criança ,do nosso cansaço, todos absolutamente próprios da nossa condição humana da qual não estamos dispensadas, a despeito do maravilhoso evento da maternidade.

-Filho, não sei se sei... tenho medo...

Quantos monólogos subliminares nos quais pedimos por socorro...

Temos que ensinar caminhos que nem sempre percorremos, mostrar atalhos que nem sempre enxergamos, amortecer as dores que tampouco suportamos...

Oxalá pudéssemos carregar nossos filhos eternamente no ventre a poupá-los do risco intrínseco, da vulnerabilidade do viver...

E como nos ensinam esses pequenos seres que um dia, nos são colocados nas mãos!

Mães e filhos, somos navegantes das mesmas águas, nas quais tão rapidamente lhes transferimos o controle da vela, a torcer para nortearem-se por bons ventos e por claros faróis sinalizadores dos devidos caminhos...

-Boa sorte, minha filha!

Ao seguir no mesmo ofício, saiba que mães, embora frágeis, têm a força do amor e da eternidade...

Lá na frente, olharei para trás e verei sua sinalização...sua vela a navegar...

Tão somente você será capaz de me responder se fiz o meu melhor.

De qualquer forma, saiba que este, sempre foi o meu maior propósito.

Beijos...

Da mamãe de todos os dias...