40 anos de Renovação Carismática

CARTA ABERTA AOS SERVOS DA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA D’ABADIA.

“VÓS SOIS MEUS AMIGOS SE FAZERES O QUE VOS MANDO” (JO 15,14)

“O QUE VOS MANDO, É QUE VOS AMEIS UNS AOS OUTROS” (JO 15,17)

A Renovação Carismática Católica por excelência é, nestes 40 anos de existência no mundo, convidada e, diria até como sendo uma obrigação, viver o maior dos mandamentos já deixados por Jesus. Vemos que o mandamento já existia, como sendo o Amor a Deus sobre todas as coisas. Com vinda de Jesus, vindo como Deus para viver todo nosso humano, exceto no pecado, este mandamento ganha mais força e um alento maior. Jesus percebe que o amor a Deus sem amar aquele em que Deus se faz presente, ou seja, nosso próximo seria um amor vazio e até interesseiro (amar para ser salvo). O amor a Deus é tão somente uma reciprocidade ao amor que Ele mesmo nos provou permitindo que Seu único Filho fosse pregado em uma cruz.

Olhando primeiro para João 15,14, faremos a seguinte interrogação: Será que estamos sendo amigos de Jesus como nós o dizemos ser em nossas palestras, canções etc..? Jesus é claro em nos impor uma condição para sermos seus amigos: “Fazer o que Ele nos manda” e, logo à frente Ele vai completar esta afirmação, este mandamento: “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.” E agora? Podemos dizer que somos amigos de Jesus? Olhando para nossa conduta de irmãos de uma mesma fé, será que estamos nos amando... Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. (JO 13,34). Como Jesus nos amou? Impondo condições? Querendo ser Ele o centro das atenções? Não. Amou-nos quando nós viramos as costas para Ele e deixamos que fosse crucificado; amou-nos vertendo Seu Sangue na Cruz perdoando a cada um que ali se alegrava com tamanho sofrimento. Será que temos algum motivo para não amar a alguém? Será que temos razões suficientes para dizer que não suportamos uns aos outros? Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós. (Col. 3,13). Aqui São Paulo escreve aos Colossenses sendo mais ousado. São Paulo viu que a comunidade dos Colossenses, e ai nós podemos nos colocar no lugar deles, não se suportavam, tinha muita discórdia. Perguntava-se a eles se se amavam: diziam que sim. Mas não se perdoavam e não se suportavam. Paulo percebe esta ignorância e, inspirado pelo Espírito Santo, acrescenta ao maior dos mandamentos uma palavrinha de muito valor: SUPORTAI-VOS, ou seja, não olhar para o meu irmão vendo nele os defeitos que tem e que todos nós temos, mas olhar com os olhos caridosos, olhar como Jesus olhava para os que o procuravam e apenas amar...amar incondicionalmente, amar por necessidade e por ser uma ordem de Jesus. Nosso grande Mestre não coloca o verbo “mandar” em tempo passado e nem futuro, mas em tempo presente, ou seja, todos os dias, todos os minutos e segundos de minha vida eu tenho que ter em mente que nasci para amar. Em muitos momentos este amar irá ferir nosso ego, nosso orgulho, nossos ditos “princípios”... Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. (Mat. 5,44). Nosso lado humano, nosso orgulho, nos leva a ter ódio daqueles que nos perseguem, que nos odeiam. Ainda estamos na lei antiga de, olho por olho e dente por dente. E, neste versículo do Evangelho escrito por São Mateus, Jesus vê em nós mais esta fraqueza e nos diz que não basta amar os que nos amam, que assim não mereceremos recompensa.

Mas que o amor verdadeiro é aquele que ultrapassa as barreiras do nosso egocentrismo e nos leva a olhar com um olhar de caridade para aqueles que não nos conseguem amar, e até nos perseguem porque na verdade eles ainda não experimentaram Jesus na sua essência. Quem já teve uma intimidade com Jesus, não consegue viver sem amar. E é aqui que falo aos servos da Renovação Carismática Católica da Paróquia Nossa Senhora D’Abadia de Goianésia.

Outro grande problema que nós temos que abolir do nosso meio é a não satisfação com o sucesso do irmão, com o crescimento do irmão. Seja este crescimento espiritual, financeiro, familiar, no trabalho, seja o que for, temos que nos alegrar com o irmão que foi agraciado. Ainda mais quando há um crescimento espiritual, onde o Senhor começa a confiar mais trabalhos a alguém e eu permito que o inimigo semeie em meu coração a inveja, o querer estar no lugar do irmão. Na verdade, ao invés de querer estar no lugar do irmão, preciso é fazer bem o que me é mandado pelo Senhor e ajudar meu irmão naquilo que eu puder ser útil. Isso é ser Cristão. Isso é ter amor de verdade.

A Renovação não tem lugar para quem não ama, a RCC é um movimento impulsionado pelo amor de Deus, na RCC as pessoas tem uma grande transformação por causa deste amor que elas muitas vezes não conhecem. Como que um membro ativo de um movimento como este pode dizer que não ama, que tem dificuldade de convivência, que não consegue perdoar e nem esquecer acontecimentos passados? Somos de um movimento que movimentou a Igreja fruto do Amor de Deus, este amor que nos faz renovação. É hora de demonstrarmos isso com atitudes concretas, tendo o discernimento de ir retirando do nosso coração e de nossa alma, os “joios” que o inimigo foi semeando ao longo da caminhada e como Nicodemos, dizer ao Senhor que queremos nascer de novo. Sejamos um outro Cirineu que ajuda o irmão na sua dificuldade e não como um Judas que o trai quando ele mais precisa de nós. Sejamos uma Maria que amou e foi fiel de pé aos pés da cruz vendo Seu único filho morrer por nós, e não como um Pilatos que tinha tudo para livrá-Lo, mas lavou as mãos e foi omisso. Não sejamos como a multidão que queria apedrejar Madalena, mas como Jesus que a perdoou e amou verdadeira e desinteressadamente. Sejamos outra Verônica que enxugou o rosto ensangüentado de Jesus, e não como os soldados que o esbofetearam sem remorso. Vamos neste ano de 2007 ser verdadeiramente, Renovação Carismática, viver o amor. Este é o desejo de Desejo de Deus.

Aberaldo Fernandes Cardoso

Paróquia Nossa Senhora D’Abadia de Goianésia

Coordenador Paroquial da RCC

Maio de 2007