Algo em mim,  fazia-me acreditar que a felicidade que eu vivia era falsa. Contudo, eu não admitia essa dura verdade e fugia dela para continuar vivendo a felicidade inexistente, por me parecer real.  Eu costumava ignorar aquela tímida e profunda voz do meu interior.
     
     As coisas são como são e nada pode modifica-las, porque os nossos sentimentos, infelizmente, são os que as conduzem. Os meus sentimentos são os que sempre me traíram, por querer acreditar que as coisas eram como pareciam ser, e não como realmente eram.
     
     Sei que, quando vivemos com alguém, ao manifestarmos nossos mais íntimos sentimentos, aqueles que nos sopram aos ouvidos coisas diferentes das quais vivemos, ao mencionarmos, acabamos por ofender o ouvinte, e geramos uma discussão,  e ainda saímos dela como a pessoa que vive a criar fantasmas onde eles não existem. 
     
     O mal estar que causamos nos dá a falsa impressão de que tudo está bem,  de que não sabemos aproveitar a vida como ela se mostra.      Coisa complicada é viver com pessoas insinceras. Infelizmente, somente as confirmamos com o passar do tempo, pois tudo é gradativo, assim como o é a insinceridade daqueles com quem convivemos.  
     
É muito triste perder tempo com coisas que no final nos fazem sofrer.
     
     Afirmei tantas vezes que se eu tivesse que voltar a viver, viveria a mesma vida. Hoje, eu não posso dizer isto. Hoje, infelizmente,  eu repenso a minha vida, me sentido como uma completa idiota, que não materializou os fantasmas, pois eles não eram frutos da minha imaginação, eles eram reais.  
     
     O que não era real era a vida que eu acreditava estar vivendo com plena felicidade.  
Aonde eu estava com a cabeça e o coração eu não sei. Só sei que hoje eu perdi quase todas as minhas lembranças. 

     
     Não posso lembrar do que não existiu. A minha realidade atual, apagou grande parte de tudo o que vivi acreditando ser a minha bela vida.
     
     Pensar no homem que amei, é sentir dor. É sentir um amontado de contrárias emoções. O que parecia ser bom, era somente ilusório, por isso  as lembranças vão se misturando e se diluindo na falsídia de  uma vida que tinha tudo para ter sido como parecia ser e na realidade não era.
     
     Ah! Que pena. Que pena que eu acreditei em quem nunca mereceu sequer um voto de confiança. Em cada lembrança há nela a verdade oculta da qual eu não conseguia esclarecer, por causa da insinceridade de quem sempre acreditei.
     
     Três décadas de inverdades deixam sequelas. 
O trabalho que eu tenho pela frente é árduo. Eu vou ter que me remontar.

    
      ​Tudo passa, eu sei. Entretanto, até passar é um longo caminho a ser seguido. 

 
 
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 13/09/2014
Reeditado em 25/07/2015
Código do texto: T4960289
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