(IMIGRANTE, sem data)
Eu chego. Rodoviária. Pessoas me olham. Elas cochicham. Vou comprar um café. Uns trocados. Chego ao lugar que me espera. Morar e trabalhar no mesmo local. Ganhar alguma coisa. Pouca, mas alguma coisa. Viver melhor. Meus filhos aqui vão estudar outra cultura. Outro idioma. Rompimento de identidade. E vou andar de metrô – meus filhos não falam “bom dia” – não sabem. Somos diferentes deles. Olhamos pra baixo. A infelicidade aqui é melhor – tem mais qualidade. Pegamos aqueles empregos. Pagam R$0,20 por peça. E minhas contas, minha Guadalupe! – nunca acabam.
Fernanda Lé