te esperei

Novamente te escrevo sem ter obtido resposta nem tua visita. Prometestes que viria me buscar para aquele passeio tão desejado. Preparei tudo, toalhinha xadrez, vermelha e branca, cestinha com delí-

cias preparadas com muito carinho e aguardei, aguardei e não vieste.

Aliás não foi esta a primeira vez, outras já haviam ocorrido e me prometias que no domingo seguinte virias me buscar. Prometias tudo e

eu acreditava. Sempre acreditei nas tuas promessas, não sei porque.

Lá no fundo de mim eu sabia que não não eras uma pessoa de cumprir

tuas promessas, mas assim mesmo eu acreditava.

Acho que meu anseio em te esperar era apenas um jeito de preencher

o domingo. Quem sabe teu desejo não era cestinha ou toalhinha xadrex, talvez quizesse um passeio mais arrojado, um domingo mais descolado e eu não entendia. Enfim, nenhum nem outro se realizaram.

Agora aprendi a olhar o domingo como se fosse um dia qualquer da se-

mana e me sinto mais tranqüila. Vou ao cinema, visito uma exposição,

sempre tão sem graça. Você já reparou como é arte nos dias de hoje?

Caminho com minha amada poodle e consigo sorrir com a alegria que

ela demonstra quando vai passear. Essa palavrinha para ela é mágica e quando está na rua corre, corre, dá uns pinotes muito engraçados.]

Enquanto outras emoções mais vibrantes não acontecem vou me con-

tentando com as coisas simples que o dia pode oferecer. Bolinhos de

chuva, quentão, agora no inverno, pipoca não. Parece que sou a única pessoa no mundo que não gosta de pipoca. Não acho nada na pipoca, só o nome é sonoro, pi pó ca, com o pi pode vir o pinhão, com o pó "póroroca" e com o ca pode vir um carinho no rosto.

É isso, meu bem, nos pequenos encantos encontra-se as pequenas a-

legrias que a vida oferece. É pouco, muito pouco, mas é o que tenho.

Aspiro por uma vida repleta de emoções adrenalísticas, como pular

de para-quedas, fazer corredeiras, me jogar, amarrada é claro, de um

edifício de 20 andares. Enquanto isso............