Meu amor - 131214

Enviar-lhe uma carta através do envelope da telaneti seria razoavelmente a forma mais prática de lhe comunicar o que penso falar.

Não imaginei que você fosse passar tão rápido em minha atazanada vida. A chuva demora porque tudo está demorado de acontecer nesta longa espera. Foi como chuva de verão numa tarde de abrasivo sol em ausência de refrescantes nuvens. Naquela solama que só os trópicos possuem. Apenas um leve sussurro numa noite de endoudecido prazer e se foi sem cochicho de vento, sem anúncio de propaganda de rádio FM, nem prospecto de viração prometida, anunciada no horizonte além. Promessa de neve em pleno calor de dezembro; e dezembro que seja, mas ainda nem é Natal... Um sonho apenas, cujas pálpebras dos meus olhos cansados de sono não chegaram pesar da cama que me espera pacientemente no eterno local de sempre, por isso estou aqui acordado, olhando com insistência dentre as poucas coisas que leio no meu correio eletrônico. Sou um desprezado pela consciência inata em mim de assim o ser, porque sei que sou o que sou e não o que querem que eu o seja. O que fazer? Resta-me isto apenas como pergunta e contentamento, sito é, ficar abrindo o meu sítio todos os dias e ver se há uma mensagem a admirar-me de surpresa sua... Esquisito? Não. Pura expectativa de um tolo que fiou na palavra dada por alguém que nem sequer este pascácio conhece, espera, e resigna-se. Mesmo assim; um encalorado anônimo beijo deixo-lhe, feito o lábio ressequido da fria morte que lhe persegue dia a dia sem lhe acenar a certeza em qual virá ou não.

É sempre assim e nada mais lhe é garantido nesta louca e demorada espera pelo nada.