Querida Eme.

Esta seria mais uma carta de amor se não fosse a distância em que me encontro de mim mesmo.

Sei como finalizá-la, mas começá-la é tão somente difícil como quase impossível saber onde você anda em meu pensamento... Talvez esteja perdida numa via qualquer dessas inumeráveis estradas que o país possui ou no embrulhado manto do meu entorpecido cérebro... Fumar ja não se pode mais pois ficou definitivamente proibido, e agora só nos resta cantar a premeditada música magistralmente feita pelo rei Roberto Carlos/é proibido fumar. Como se ele fosse um desses meninos rebeldes que o país embala por aí em fora. E sua acertada visão sobre o mundo futuro o fez merecidamente não só no que suas ideias nos revelam como verdadeira forma de vida, mas com a sensatez de estar a frente de muitos falsos gurus, prontificados enganosamente a nos enganar...

Não vejo a hora de tomar aquele cafezinho que só você sabe exibir na dosagem certa e exata. Que saudade! Pelo menos esta é uma verdade verdadeira a brotar de meus desejosos lábios.

Há um bom tempo não chove – acho que alguém lá em cima esqueceu-se de nós todos com o abastecimento do líquido perfeito. O Paraiba do Sul está quase esquelético, e temos de nos contentar com a assombrosa verdade de que vamos dar uma de suas veias a Sampa, como se isto aplacasse a sua voraz sede a aumentar a cada dia que se vai... Ufa! Não consigo ver até onde isto terá fim. Não vai ter fim. É impossível ter um glorioso fim. Todo dia é mais uma veia a ser sangrada por conta da indomável sede de Sampa. Dizem que o deserto mais árido é o Atacama, Sampa tornar-se-á isto... tudo aqui está bem parecido ao que ele é de aridez e secura em nossas vidas.

Por enquanto é só, mas eu volto para acabar esta carta.

Fui!