Ao santo pecador.
Ei santo pecador, calado em sua mórbida cripta, tão ciente de que a regra do tempo jamais adia, seguindo seus intentos da ideia mais tardia; em seu riso lúgubre e certeiro, condenando as atitudes do dito louco impreciso, que não tem deuses na mente e anda a favor do vento, nos caminhos do meio, desejando apenas pelo mundo inteiro.
Vamos santo pecador, se seu cantinho já está garantido, e seus pecados do passado e futuro serão pagos por aquele que não orou suas orações, por que não ensina o prazer de seus pecados febris e se afoga na lágrima do não-culpado? Diga ao tolo errante desvairado que pagará por seus pecados, que a ele resta lamber essa terra suja e infértil, que o sucesso é seu e a ele sobra a tristeza de fora de seu estranho paraíso, às migalhas do soturno mundo que criaste para alimentar sua doce fé intoxicada pela malícia de seus intuitos.
Brinde sua grande e divina vitória sobre aquele estranho, dois cálices de cicuta, em seu suicídio e assassinato de seu companheiro de felicitação, afinal o paraíso jamais lhe será negado, quanto a ele, mesmo que tente trilhar um bom caminho, só resta o doce absintado reino da perdição.
Um brinde a seu sucesso delatado e de direito, e ao inferno que me condenaste.