VAZIO

Uma densa nuvem de poeira e ira infiltraram-se sob meus pensamentos. Tempestades de dúvidas devastam minh’alma, e reduzem minha existência num misto de mentiras e verdades.

Há dias em que me sinto são, há dias que louco de pedra eu sou... Dicotomias e paralelos circundam minha memorias, e assim, fazem-me de tudo e nada em todo canto.

Pesadelos sob travesseiros encharcados de suor, fome de mil anos corrói meu corpo e faz dele escravo e objeto de todo tipo de uso. Insônia de noites mal dormidas, vazio de quartos escuros, luzes apagadas à meia-noite, caminhos estreitos e perdidos começam e terminam sem rumo e direção.

Em dias como esses, onde procuro um eu perdido entre labirintos e choros enclausurados, corto meus pulsos e os vejo escorrerem sob um azulejo branco que perde sua cor pouco a pouco. Pinga minh’alma, escorre meu ser, infiltra-se uma densa nuvem de morte no ar e assim, perco-me num nada.

Um corpo sem sangue nas veias, olhar imóvel envolto de morte, braços cruzados sob o peito vazio de ar, um toque de azul sob uma pele enrugada e gélida que apodrece sob corvos do meio dia que aguardam seu banquete triunfal de um dia desgraçado.

Dilaceram-me e corroem meu ser, uma cerimônia com talheres de prata servem uma mesa redonda de 8 lugares. Sob o centro desta orquestra, arrancam-me em pedaços e servem-se gloriosos, sedentos de sangue, famintos de carne e coragens envenenadas. Taças de cristal, guardanapos brancos sob colos envoltos de gordura e peso, nutrem-se numa noite onde deixei de existir.

Migalhas sob pratos limpos com pedaços de pão, energias renovadas de vida e morte e saciedade temporária de corpos corrompidos.

Em dias como hoje, onde acordo mutilado e esquecido, busco uma salvação que não vem. Um céu carregado de trevas reina sob meu ser e desfaço-me pouco a pouco aguardando um novo amanhã.

Thiago Leão
Enviado por Thiago Leão em 05/04/2015
Código do texto: T5196254
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