Exílio

Estava no exílio e voce me chamou de volta.

Não havia dor, nem pesar...apenas o som do respirar, lá no autoexílio onde me escondi.

Ouvi seu chamado, como um crescendo, sussurrado nas ondas do mar revolto...indo ao meu encontro.

Pensei ser uma ilusão, alucinação...esse clamor murmurado aos quatro ventos, mas percebi o enlace do sentimento...esse abraço sutil, profundo...como um beijo a principio lento para se tornar...sedento.

Ah! Quantas vezes cismei ser verdade essa busca, esse encontro!

Sonhei com mil maneiras essa possibilidade, num afã de realidade.

E a cada sonho, a cada cisma...a ilusão se mostrava dura e cruel, desfazendo-se como espelho quebrado.

Perdia a esperança, e fugia ainda mais nesse abismo, aprofundando o autoexílio, escondendo-me mais e mais, internando-me na loucura imposta da tristeza do irrealizável.

Vez por outra vislumbrava um raio de luz intensa, um fugidio sorriso, uma fugaz certeza impenetrável da eternidade num olhar lápis lazuli,

e isso bastava para reacender a ínfima esperança agonizante, saciando a sede na límpida fonte de um amor nascido na guerra entre o bem e o mal.

Quis permanecer alheia...não pude.

Havia tal comprometimento nesse chamado, tal urgência, não podia deixar de ouvir, ou recusar-me a atende-lo.

Era meu destino, sina ou carma...ama-lo e segui-lo...na espera infinita da realização de uma promessa.

Para o bem ou para o mal, tanto e quanto um é o outro no âmago de cada um.

Para que seja cumprida a profecia...seja la´como tiver de ser.

Eu creio

e voce?