Sono, sonhos... e boa noite

Eu gosto de dormir.

Aquela boa noite de 8 horas, quando a gente acorda disposto e achando o dia bonito. Aquele cochilo a tarde, que tanto pede pra ser esticado, quando surgem sonhos fantásticos, criativos, com diversos amigos que nem se conhecem e situações absurdas que seriam tão maravilhosas. 20 minutos na aula, com aquela vóz esganiçada de professora de português no fundo. Que faz a gente acordar numa boa, e logo em seguida provocar risos pela marca de aspiral de caderno estampada na testa.

Dormir com uma amável compania, sentir metade de sua pele quente na mesma temperatura dela, e metade gelada, cobertor agradávelmente cedido. Não saber de verdade onde acaba seu corpo e começa o dela.

Mas as vezes eu durmo de mais, com umas sete horas de sono algum barulho já encomoda. Mas horas! Hoje é sábado, e eu tô tão cansado, por que não mais uma merecida meia hora? Mais uma, mais duas. Foi de mais. Acordo com dor de cabeça, torto, sujo. Esses dias as vezes são ruins. É bom se sentir útil, honesto. E por que não dormir a tarde inteira. Deixa pra lá, depois eu arrumo as coisas, se não tiver com muito sono.

E aí o sono é uma droga.

Mais felizes são aqueles dias que meio sem querer, meio fingindo que só vou beber um copo d´água eu acordo antes do que deveria. E a manhã enfim passa, e aquélas tão desagradáveis obrigações se foram, e até foram divertidas. E se for um domingo então! Tanta coisa de bom pode acontecer nas manhãs de domingo. E num dia normal, se nada de mais acontecer até o meio dia posso cochilar a tarde, e deixar algumas coisinhas pra lá.

Mas antes do meio dia muita coisa costuma acontecer, e há vezes que me bate um desejo louco de resolver tudo que eu devia ter resolvido antes, afinal coisinhas acumuladas as vezes se tornam uns baita coisões. E parece que posso resolver tudo duma vez, e o mais incrível é que as vezes posso. Mas quando o sono foi um tanto curto, me dá uma sensação de poder mais. E posso chegar a me convencer de que posso mudar todo o mundo.

A gente tenta ajudar, se mete, faz burrada, num presta atenção. As vezes piora as coisas. Não dá pra mudar o mundo todo sozinho. Nesses momentos de inspiração por falta de sono, muitas coisas faço que as vezes me envergonho depois, e são mais coisas pra consertar. Mais dias de sono indolente pra aprender que nem tudo é do jeito que a gente quer, e que tudo tem seu tempo certo rapaz.

Nos bons dias de pouco sono, a noite não quero dormir. Meu travesseiro se recusa a parar de me dar idéias: Nossa! Que fácil tudo ficou. Amanhã vou falar isso pra ela, passar em tal lugar, preciso viajar àquele canto. E o sono não vem... e fico eu e o velho travesseiro matutando. Ah, e de manhã tudo não era bem daquele jeito afinal. As horas em compania travesseiral sem a delícia do sono as vezes são horrpilantes. Que agústia! Preciso dormir, amanhã vai ser foda! Vai ter aquela prova. Quero sono, não durmo. As vezes são horas de puro horror. Preso no quadrado branco em compania desses gritos de desespero.

Mas a um dia de pouco sono, muito sono, ou até o tanto bom de sono, sempre se seguem mais dias. O verdadeiro prazer do sono, aquele gostoso sem culpa, que nos brinda até com emocionantes pesadelos animados. Esse sono só tem quem soube, quando acordado, estar acordado direito.

A gente passa um terço da nossa vida dormindo. Mas acho que na verdade a gente passa dois terços de nosso sonho acordado. No fim dormiremos muito. Mas sobre esse sono longo, comprido e sem sonhos ninguém pode falar. E provavelmente ele vai vir quando estivermos bastante cansados. Com tantos dias bons somados, e certos de que tudo não passou de um sonho. Que dormiremos bem.

Boa noite.

Thiago Romero

(texto escrito por um amigo, Thiago, e que me pediu para publicá-lo aqui, pois eu disse a ele que valia a pena divulgá-lo aqui no recanto.

Então quem sabe depois de receber os comentários de todos nós que fazemos o recanto ele também se sinta contagiado por essa vontade de escrever que todos nós sabemos muito bem o que é...

Abraços a todos do recanto! Neiza)