CLAUDIA


São 4:30 da manhã do dia 2 de setembro de 1985, alguém bate à nossa porta, é a Lólia, esposa do William, apavorada nos fala:

(Lólia)...Seu Jair foi sequestrado, abordaram ele na frente do hotel e não se sabe o que aconteceu depois, a Leila está muito preocupada e já acionou a polícia, vamos ter que sair e vasculhar a cidade.

(Bert)...Tem pelo menos ideia de onde procurar? Sabe quem fez isso?

(Lólia)...Não tenho a mínima ideia de quem foi nem onde procurar, vamos rezar e pedir a Deus que o encontrem logo e com vida! Ele estava levando o ouro pro transportador da empresa, foi busca-lo no hotel e o levaria para o aeroporto.

(Lourdes)...Será que fizeram alguma maldade pra ele? Espero que não!

Então peguei minha moto e sai, sem nem mesmo ter ideia de onde ir na esperança de encontrar meu cunhado (Jair), se possível com vida e sem machucados. Acabei dando uma volta inteira na cidade, saindo de Macapá e contornando por Santana (cidade vizinha), ao retornar, fui direto para o escritório que também era a residência do meu cunhado, chegando lá encontrei Lólia que ao me ver disse:

(Lólia)...encontraram seu Jair lá perto do aeroporto, ela está morto!

(Bert)...sobe ai Lólia, vamos pra lá!

Lólia então subiu na garupa da moto e nos dirigimos até o local onde havia sido encontrado o corpo de meu cunhado Jair. Chegando lá, me deparei com muitos curiosos e a polícia que tentava preservar o local e cercavam o carro (landau) onde estava o corpo de meu cunhado caído no assoalho do lado do passageiro, ele havia levado um tiro na perna outro no peito próximo ao coração e também algumas coronhadas na cabeça.

Larguei a moto de qualquer jeito e tentei me aproximar do veículo, fui impedido pela polícia, nisso minha irmã (Leila) a viúva, vinha saindo em prantos e sem orientação, então me aproximei dela e tentei acalmá-la, mas, estava muito abalada, entrou em um taxi e voltou para sua residência. Peguei minha moto e fui atrás dela preocupado com seu estado emocional pensei até que a mesma pudesse fazer alguma besteira, neste momento só pensei em suas filhas (Kamilla com 5 anos e Lorena com 2). Quando cheguei em sua casa e subi as escadas que dão acesso ao segundo piso fui recebido com um tremendo tapa no rosto que cheguei a rodopiar no próprio eixo. Mas não fiquei furioso com ela, sabia que naquele momento minha irmã precisava mais de apoio do que lamentos.

O telefone não parava de tocar, eram os amigos e familiares ligando para desejar pesares e se dispondo a ajuda-la naquele momento que foi difícil para todos.

Como o sr. Jair era de Goiás, o corpo dele foi sepultado em Goiânia, sua cidade natal, nesta ocasião minha irmã Leila e suas filhas e também os filhos (Cairo e William) do primeiro casamento de meu cunhado e que já eram adultos foram acompanhando o corpo.

Ficamos então em Macapá para acompanhar o trabalho da polícia na tentativa de prender os culpados pelo crime, nesta ocasião eu (Bert) fiquei usando o carro
(Scort Ghia) do William, pois tínhamos que de vez em quando ir até a delegacia para alguns esclarecimentos. Após cinco dias o William retornaria para Macapá, então no dia 7 de setembro daquele ano (o dia do retorno do William) tive que mandar lavar seu carro para entrega-lo limpo, foi neste dia que conheci minha musa inspiradora, minha namorada, minha esposa, mãe dos meus filhos e avó das minhas netas.

>>>>>CONTINUA EM BREVE>>>
foto: Bert e Claudia, por do sol em frente ao Rio Amazonas no lado externo da Fortaleza de São José


Macapá-AP, 19 de junho de 2015
Bert Noleto

 
Bert Noleto
Enviado por Bert Noleto em 19/06/2015
Reeditado em 10/08/2015
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