POEMA DE AMOR, À LEMBRANÇA E À SAUDADE

TUA PRESENÇA AGORA, ECOA DISTANTE.

RESTARAM APENAS ALGUMAS MARCAS, AINDA LEGÍVEIS, É VERDADE, MAS QUASE APAGADAS, PELAS ÚLTIMAS CHUVAS, PESADAS CHUVAS, QUE CAIRAM SOBRE NÓS.

FALTOU ABRIGO, FALTOU AGASALHO; E INDEFESOS, NÃO RESISTIMOS AO RELENTO DA SOLIDÃO.

OLHO LÁ FORA, AGORA, E AINDA CHOVE BASTANTE; E SINTO AQUI DENTRO UM POUCO DE FRIO; MAS ESTOU BEM AQUECIDO, POIS AINDA ENCONTREI UM POUCO DE FOGO NA LAREIRA; E OS CANTOS DA CASA AINDA GUARDAM UM POUCO DE CALOR EM TUDO.

OS VIDROS DA JANELA, AINDA MOSTRAM, CONTRACENANDO COM A TUA AUSÊNCIA, AGORA DISTANTE: O PORTÃO ABERTO, A CHUVA FINA E A RUA VAZIA, CENÁRIO DO NOSSO ÚLTIMO ATO DE AMOR.

MAS AMANHECEU UM LINDO SOL, TUDO ESTÁ CALMO. NÃO OUÇO MAIS A TUA PRESENÇA EM MEU CORAÇÃO; ELE ESTÁ EM SILÊNCIO, EM PAZ, DESCANSANDO EM MEU PEITO.

MARCOS CAVALCANTI