Outra carta para um Mestre e Doutor (2ª carta)

Novas tecnologias foram criadas e novas desculpas foram inventadas. Desculpas compatíveis com as novas tecnológicas inventadas e aplicadas. A criatividade de uns inventarem, geram criações estratégicas para outros não participarem das inovações.

Assim agora a culpa como sempre, nunca é do remetente ou do destinatário. É do sistema, da tecnologia atual com insuficiências e dependências. Uma tecnologia que neste momento nunca é perfeita, para aquele que foi omisso. Agora a culpa recai sobre o sistema de comunicação. Assim é comum dizer, muito comum ouvir: “a operadora estava sem sinal”; “o local onde eu estava não tinha sinal”. Ou ainda: “sua mensagem caiu na caixa de spam”. Raramente ouvimos, mas ainda é possível ouvir: “eu não tive tempo de olhar as minhas mensagens” ou “ainda não li os meus emails”. Coisas absurdas como: “eu vi seu e-mail, mas não tive tempo de responder”. Viu mas não teve tempo (?). E a culpa fica toda com a operadora, com a internet, com o provedor, e da vida corrida e atropelada que se diz viver. É mais cômodo para o inadimplente, cômodo para aquele que não quer se comprometer.

Enquanto a maior parte das correspondências era por via postal, a solução para resolver a duvida do recebimento foi o sistema ARR (Aviso de Recebimento ao Remetente), ou simplesmente AR (Aviso de Recebimento). Cada correspondência despachada e acompanhada de AR ou ARR, volta ao remetente um documento confirmando que a correspondência foi entregue no local determinado e especificado na correspondência. Entregue e recebido por uma pessoa autorizada a receber. Recebida e confirmada por assinatura no AR, o remetente tem a certeza que suas informações chegaram a quem desejava que chegassem.

Nos documentos encaminhados à empresas, às instituições, enviados para pessoas jurídicas, foi criado um processo burocrático denominado de protocolo. Nas empresas cada correspondência, recebida ou despachada, é acompanhada de um protocolo, com data e nome da pessoa que enviou, e da pessoa que recebeu. E por muitas vezes pode ser numerada e/ou carimbada. Um compromisso entre receber e responder; responder e receber, criando vínculos de responsabilidade.

A mídia do momento é o uso da internet, e o uso da telefonia móvel. Fato que se torna cômodo atender ou não atender ligações, abrir ou não abrir uma caixa de correio eletrônico. Responder ou não responder a uma solicitação. Programas automáticos facilitam o reenvio de comunicados. Alguns aplicativos informam o recebimento de uma mensagem com a promessa de responder em breve, assim que possível, ou quando possível; ou sabe-se lá quando poderá ser respondido. Criando esperanças a quem deseja respostas e informações. Algumas empresas criam nomes charmosos e pomposos como: SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente ou Consumidor); sistemas de ouvidoria e controladoria. E até o Ombudsman, ou seja,

uma pessoa exclusivamente para resolver o que não foi resolvido, por quem deveria resolver. Casos que deveriam ser resolvidos por aqueles que são pagos para resolver problemas e dar soluções, evitando maiores desgastes e desperdício de tempo. Mas a decisão de resposta é humana, passível de compromissos e momentos de humor.

A grande mídia do momento é a internet. Um meio que não envia pacotes e envelopes com volumes e valores. Uma mídia sem critérios de despacho, franqueadas a todos, a quem escreve e a quem quiser ler a mensagem.

E como a internet é a principal mídia do momento, esta missiva consta na internet, onde as ideias e pensamentos ganham volumes e valores.

Entre Natal e Parnamirim/RN ─ 14/07/2014

Roberto Cardoso (Maracajá)
Enviado por Roberto Cardoso (Maracajá) em 30/08/2015
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