Diário de Cartas

Querido R.

Te envio essas conchas que é pra tu colocares em teu ouvido e sentir onde dorme tua face. Aqui em meu peito! Colada minha boca na tua respiração, também te tenho em meu fôlego e isso me transmuta onde meu lugar já não é mais aqui só em mim, mas aí ali acolá onde tu estás. E também tu aqui em mim como que o mar dentro da concha e todos os ontens e seus fenômenos perfeitamente catastróficos e ordenados por algo imponderável. Luz guarnecida dentro dos cristais a tua espera me chega vindo à tona minha consciência. Teu ouvido contornando o silêncio em meu peito pousando com uma lua cheia plena iluminando a noite entre os montes e o sol de muitas cores explodindo na minha janela compenetrado em me renascer. O que me alimenta tua boca me vive mais e a tua voz me "hormoniza". Eu não sei explicar em palavras ainda a história de todo esse tempo de década com vodca limão e muito café. Faz tanto tempo. E no frio da noite adentro você acende fogueiras derrete a cera de minha solidão estalactada e afugenta os voos rascantes dos morcegos em minha cabeça sob as amendoeiras... lareira tua presença em minha sala vazia que já não mais nem é escura e fria O que te sei é a transparente magnitude de tua alma.

Em breve te beijo,

A.

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 09/09/2015
Reeditado em 09/09/2015
Código do texto: T5376043
Classificação de conteúdo: seguro