Querido coração,
 
Não sei por que te chamar de querido, mas é assim que se chama o próprio coração. Afinal, não é o cérebro que nos comanda quando o assunto é amor. Também não sei se é amor, trata-se de um sentimento maior que eu. Assim, prefiro chamar esse sentimento sem consentimento que teima em se instalar em meu ser. Tua culpa!
Não sei qual a tua constituição, afinal, apanhas e não aprendes. Por que insistes em desobedecer aos comandos do cérebro? Por que insistes em enviar ao cérebro as imagens, as lembranças de algo que devias ter apagado?
Perdeste os sentidos essenciais. Não enxergas o óbvio, não escutas e nem altera os teus compassos diante de uma realidade escura e obscura. Sangras e não te curas, por quê? Acaso quisesse cura eu também me curaria. Gostaria que ficasse insensível a certas situações e a determinadas pessoas.
Reconheço que, para consolar-me, ameniza-te e assim, engana-me. Por favor, devolva a minha sensatez. Apagas algumas marcas, bem direitinho... Deleta alguns sons e os tornam irreparáveis e inaudíveis. Arruma algumas lembranças e solta em águas bem distantes de nós. Mergulha-te e lava-te.
Arranca algumas lembranças e saudades e as colocam no esquecimento. Ver se aprendes e desprende-te. Por que me falseia?
Devolva-me a mim.
 
De alguém que sofre porque tu não aprendes.

Itagibá, 17h00min., 04.10.15
Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 04/10/2015
Reeditado em 09/02/2016
Código do texto: T5404278
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