(des) Prazer

...

Eu não o reconheço. Nada em você lembra aquele rapaz por quem me apaixonei...

E me pergunto seriamente quem foi que mudou tanto assim: se foi eu... ou... você.

Eu ainda o lembro com carinho... eu ainda sinto saudade (mas não se engane: eu não o quero novamente!)

Tudo é tão frio, tão distante, tão irreal.

Eu faço questão de não lhe olhar. Prefiro não ter o (des) prazer de ver o que um dia já foi meu.

Eu escolhi nossa separação: apenas porque foi você quem não me deixou opção.

Tudo o que vivemos parece ter acontecido numa outra vida. Lá éramos felizes... quando viemos para o “lado de cá” percebemos que não vibrávamos na mesma sintonia. Eu podia acompanhar teu compasso. Pois é: não quis dançar sozinha. Não quis me contentar com pequenos intervalos onde eu seria a estrela disso tudo.

Eu me sentei e lhe assisti.

A verdade é que eu ainda lhe assisto.

Eu posso … eu estou: parada! Posso continuar no mesmo lugar... tenho em minhas mãos meus sonhos, minhas alegrias, os meus desfechos incabíveis! Eu me resguardo... eu me aprimoro!

Você seguiu. Tão à esmo...

Te vejo errando e encobrindo uma dança com outra....

Algumas vezes nossos olhares ainda se encontram, ao acaso. Me espanto com tanta opacidade! Queria não mais os cruzar. Acontece, aconteceu: sempre acontecerá.

A pergunta que temos , independente dos motivos ou dos sentimentos. é apenas uma: onde foi que nos perdemos... e por qual motivo não mais nos reencontramos?

Eu consigo dizer que, fatalmente: a culpa foi sua!

Você, que não se deixou envolver...

Você, que não acreditou nos meus sentimentos...

Você, que não me cuidou...

O fim era certo. Independente dos motivos: o fim era totalmente previsível....

A insegurança dos seus vinte!

A maturidade dos meus trinta!

E indubitavelmente:

- fim.