Cartas a Maria, minha paz meu amor.

A MINHA MENINA

Herivelto de Assunção 14 de julho de 2005 – 20:30 hs

Nos últimos tempos, apenas duas pessoas tem ocupado de forma insistente e com razões, os meus momento, ora com espaço de sobra para divagações. Ainda desempregado e com di-versas dificuldades para tal, curto ainda problemas contínuos de ordem familiar. Minhas filhas não decolaram em suas vidas pes-soais. O casamento, cultivado com tantas atenções e zelo, já não tem mais fôlego. Então, ocupo um parte desse tempo me dedi-cando, sempre que possível ao meu sobrinho João, de sete anos, hoje às voltas com aulas de catecismo e por essa razão, volta e meia me procura com indagações à respeito. Ocorreu-me dar-lhe uma bíblia de presente, que ele prontamente aceitou com alegria. A outra pessoa é você que, de todos os meus correspondentes, foi quem mais me trouxe dividendos. É notório que foi por sua presença e inspiração que iniciei o processo de por no papel boa parte das muitas coisas que escrevi ao longo dos anos de “exílio” quando trabalhei em diversas cidades de pelo menos oito estados por onde andei. Se as “obras” têm qualidade ou não, é outra coi-sa. Como em nenhum momento você destratou meu “tino literá-rio” achei por bem julgar que, de fato, não a incomodava, mesmo porque você sempre me cobriu de elogios e agradecimentos. Por outro lado, estou doente, sabe! A diabetes que descobri tarde de-mais, me maltratou o corpo e, por extensão, a minha razão. Ando cabisbaixo, triste e sem mais esperanças. Eu precisaria me mudar, morar sozinho, dar novas asas à vida, encontrar motivações. Você poderá perceber que no final desse canto onde (...uma bruma (...) me envolveu (...) e eu parti.) soa quase como uma despedida. Sin-to que essa consumição, infelizmente, encurtou meu caminho e muitas noites não durmo direito, assaltado de sobressaltos que agitam-me e rompem bruscamente as “viagens” de minh’alma durante o sono. Havia até um cheiro de morte no ar. Tal era o meu desespero que cheguei a pensar em dar cabo da vida. Fiz até uma carta de despedida. Comprei um veneno. Estava decidido. nesse ínterim várias pessoas começaram a me procurar falando de possíveis possibilidades de me arrumar trabalho. Isso adiou os planos. Hoje estou trabalhando, mesmo assim me sinto humilha-do. Tive que aceitar, mais uma vez trabalhar fora da especialidade, simplesmente porque julgam-me velho de mais pra trabalhar. No entanto ainda estou novo pra me aposentar. Estranho, não? mas a vida segue. cruel ou não, ela segue.

Afastei-me, por opção, dos contatos da NET. E se hoje volto à sua direção é porque precisava lhe enviar mais essas coisas que escrevi com os pensamentos voltados á você. Na verdade, o con-to, ou canto, que se segue, seria parte de um projeto de se ajuntar varias histórias ouvidas de pessoas diversa e transformá-las numa grande “viagem” como ao que acontece com Dante em “A divina comédia” mas utilizando várias linguagens, desde o lirismo – Como acontece nesse canto- até as utilizadas em crônicas popula-res dos nossos dias como já utilizei em “Crônicas de um diário mal organizado.” Pode ser! nesse caso o canto que se segue seria dividido em duas partes. Uma, representaria o inicio da saga até o surgimento das demais narrativas, a outra parte seria para o en-cerramento

Perdoa-me se, por ventura, esses meus caminhos vierem a abor-recê-la. Acredite, não é minha intenção. Na distância foi você quem preservei. e na proximidade, o belo e maravilhoso moleque, meu sobrinho João. João e Maria! Interessante! Um bom mote para mais um devaneio. Quem sabe? Recebe aí o meu abraço, meu beijo (Espere..) – Nesse momento, Cátia Sabóya canta “Chovendo na roseira” de Tom Jobim. Maravilhoso! Não conhe-cia.– meu carinho. E aí vão as homenagens que lhe rendo, nesse mês que completam os três anos desde nosso primeiro encontro.

Obs: Escrevi o texto acima conforme a data ai descrito. Só não a enviei antes por indisponibilidade de acesso à net. A idéia de “Viagem” vingou e já escrevi, pelo menos, umas quarenta pagi-nas. Não é dividida em capítulos, mas em “estações”. E como não poderia deixar de ser, é uma idéia brotada a partir da fertili-dade de sua presença em minha vida.

Um dia, menina, espero poder montar pelo menos um livro só para presenteá-la. e se algum dia decidir ou poder publicar alguma das obras, acredite, seu nome terá lugar garantido no prefácio.

Herivelto de Assunção

PRA VOCÊ OUVIR

Herivelto de Assunção 19 de novembro de 2005

Quero falar essas coisas, não para Morgana, nem para Liandra, com quem tenho falado nos últimos tempos. Dessa vez quero falar o que tenho, mas para Maria. Eu vivia num mundinho pobre e concentrado com meus pensamentos voltados única e exclusivamente para o que eu tinha de mais sagrado, a minha família. Mas por uma razão qualquer, descobri que os livros que li, fossem Summerhil ou educação Piagetiana, ou a Bíblia, ou O profeta, ou quaisquer outros dos tantos que devorei feito uma traça, não funcionou. Não que eles estivessem errados, não que fossem apenas conversas pra boi dormir. Fui eu quem acreditou demais neles e não acreditei em mim ou não usei o que eu sabia ou, enfim, não sei bem explicar. O fato é que falhei, as-sim como falhei na minha vida profissional de tão aplicado estava com o meu sacrossanto compromisso familiar. Errei sim, e hoje não tem mais conserto, acredito e nem vou mais tentar. Desta forma me entreguei á forma mais cruel de se morrer em vida: a solidão. Essa mesma que me empurrou para os cantos da casa, ouvindo músicas tristes dos tempos que não voltam mais para poder me emocionar e chorar, e lembrar dos tempos em que eu achava que era feliz, até que você chegou e assim, do nada, sem nenhuma pretensão, sem ao menos saber o que se passava tra-zendo uma nova visão de curtir meu silencio. O tempo passou e aos poucos fui descobrindo outros atributos seus que me comple-tavam e me faziam viver dentro de sonhos não sonhados de ver-dade. Descobri que podia curtir meus “porres” ouvindo outras músicas mais atuais que também falam de amores, sentimentos, perdas, vitórias e paixões do mesmo modo que as de outrora.

E eis-me aqui descobrindo Nando Reis, Marisa Monte e outros que já existiam no subconsciente, mas que mais pareciam sons ocasionais. Redescobri o meu gosto por escrever tudo que sempre gostei de descrever. Aos poucos a tristeza foi se afastan-do e tive coragem de me olhar no espelho novamente sem o hor-ror que sentia ao ver meu espectro triste e acabado. E um dia eu quis morrer e num repente, tive a lucidez de ter ilusão que vo-cê sofreria com isso, que lamentaria a perda da chance de achar que me veria outra vez . Muita pretensão, minha, não? Covardia pura, claro. É, mas valeu a pena. E como valeu. E lá nos confins de minha consciência lutava desesperadamente para deixar de fumar. E lá vem você de novo alimentando meus pensamentos. A lucidez, ou loucura bendita, de que não poderia beijar sua boca com esse gosto amargo em minha boca, deixando marcas no seu rosto, na sua roupa, nos seus cabelos, tirando o sabor do seu ba-tom... Meu Deus! Como posso agir assim dessa forma covarde e aviltante? Posso sim! No conto “Os bailarinos” eu cito que “ muita coisa é possível, mas nem tudo é permitido.” Assim tem sido com você: Muita coisa é permitido, mas nem tudo é possível ou vice e versa ou nem uma coisa nem outra ou seja lá que for, O que importa, é que estou mudando. Todas as noites faço uma oração. Mas depois mergulho de corpo e alma na geografia do seu rosto para adormecer em paz e afastar os fantasmas maus que tem me fustigado. Eles estão indo embora e já não me atormen-tam, mais. Agora preciso sair do estado de inércia da minha vida e tentar buscar um saída para recomeçar de novo como já o fiz em outras ocasiões diferentes. Vou continuar sonhando esse so-nho com você, porque sei que um dia dele vou ter que acordar sem ter que chorar na beira da cama, mas sorrir me sentindo gra-tificado por voce ter feito parte da minha vida da forma mais simples e saborosa que podia acontecer nesses dias do meu ou-tono, mesmo porque, na realidade, já deixou de ser sonho. Vo-cê é tão real... Talvez eu queira dormir só mais um pouco. Só mais um pouquinho. Continuarei a me encontrar com voce das mais diversas forma que eu puder. De mãos dadas por ai, te abra-çando nos parques, recostado no seu colo para adormecer e so-nhar que estou sonhando com você, inventar uma história em que me caso com você e somos felizes, cada vez mais grato por me amar desse jeito e por eu mesmo poder amar você do mesmo jeito, seja dançando entre os fantasmas bons no engenho do Timbi, seja rodando num carrossel de Montmartre, no coração de Paris, navegando em festa com os outros personagens das ca-ravelas ou na chuva, na rua, na fazenda ou numa casinha de sapé.

Obrigado, obrigado, obrigado. E aproveitando o ensejo, quero pedir licença para alterar o refrão da música “É isso ai” com Ana Carolina Seu Jorge:

Eu não sei deixar de te amar

eu não sei deixar de te amar

eu não quero deixar de te amar

eu não posso deixar de e amar

eu não vou deixar de te amar.

Feliz Aniversário. Feliz vida. Feliz cientista, feliz isso, feliz aquilo e quanto mais de felicidade voce quiser.

VOCÊ, A MÚSICA E EU

Herivelto de Assunção 04 de outubro de 2005

Foi em Barra Mansa, a cidade da ponte dos Arcos, que passei parte da minha infância/ adolescência. Em suas ruas de paralelepípedos, do centro, ou nas empoeiradas da periferia, tive contato maior com a música, ouvindo nas vitrolas dos botequins e no rádio, em casa, o que de melhor havia, numa épocas em que crianças e adolescentes não tinham essa profusão de ídolos como nos dias de hoje., a exceção de Fred, Arrelia e Carequinha, os pa-lhaços dos circos. Tomei gosto por Francisco Alves, Orlando Sil-va e Nelson Gonçalves, além das “Divas” Dalva de Oliveira, Eli-zeth Cardoso e Emilinha Borba e aquela “deusa” que estava mui-to além do seu tempo, Dolores Duran ( Quero a alegria de um barco voltando, quero ternura de mãos se encontrando a enfeitar a noite do meu bem.) Ela se foi tão cedo, aos 29 anos, quando eu era ainda só um menino que chorou por ela sem nem saber direi-to por quê..

Quase todos já se foram para algum lugar muito além da nossa imaginação. Hoje, exatamente hoje, Emilinha, que se já era saudade pela ausência da mídia, agora é saudade pela sua ausên-cia física.. Se foi para se reencontrar com os seus.

Com o passar do tempo, outros ídolos e canções vieram e me conquistaram. veio a bossa nova. Mas essa era uma expres-são mais afeita, à época, aos intelectuais da zona sul do Rio de Janeiro, ou aos universitários, uma classe que fez história nesse país e que não foi assimilada pelo povão da zona norte ou da bai-xada que ficou com a jovem guarda, que cantou e sobreviveu a custa de muita versão e pouca criatividade., mesmo assim produ-ziu alguns ídolos. Eu era fã do Jerry Adriani, só pra contrariar as meninas que gostavam do Vanderlei Cardoso (rsss) Claro que gostava também do Roberto Carlos, que, na minha concepção, tem a mais bela coleção de músicas românticas do nosso tempo. Não é atoa, que há uma “epidemia” de regravações de suas músi-cas por artistas de diversas tendências. ( Nesse momento, no meu rádio, Bethânia canta “Detalhes”)

Depois vieram os festivais, a Tropicália com os baianos mais Tom Zé, as musica de protestos marretadas pela famigerada “censura”. Veio a “descoberta” dos outros ritmos desses “Brasis” que alavancaram a música brasileira para a estratosfera dos palcos do mundo. Cê sabe, né?. Então!

No auge dos bailinhos domésticos, a tal festa americana, quando a gente se reunia na casa de alguém da turma e cada um levava sua parte (bebidas, salgadinhos, etc...), dancei ao som dos boleros de Altemar Dutra e Carlos Alberto, de rosto colado, quando a timidez ou a parceira deixava, sentindo o cheirinho da menina e algumas “estranhas” sensações avassaladoras na pobre e indefesa alma.. Nessa época, beijo de língua só os meninos mais velhos é que sabiam o que eram, pois, ficavam contando suas fa-çanhas enquanto a gente babava de curiosidade.

Mas um dia... bem. Um dia também amei os Beatles e o Rolling Stones. Sacolejei os ossos nas pista muito antes de Travol-ta e Olívia “Nos tempos da brilhantina” ou “Embalos...”. Fui a-depto do Black Power com direito a calça boca de sino, sapatos “plataforma” e aquele cabelão e tudo, até que uma legião de pio-lhos, herdados na casa de uma namorada o botou abaixo. Fiquei careca e como era janeiro, pensavam que eu tinha passado no ves-tibular. (Isso é outra história). Como se vê, a música tem uma cer-ta ligação com nossas almas em muitos momentos de nossas vi-das. No meu caso, Só para citar mais alguns, “Taí” de Carmem Miranda, é a primeira canção da minha vida. É a lembrança mais remota que tenho de uma canção. Já “Bandeira Branca” com Dalva de Oliveira, é a expressão máxima do início do fim do meu romance com Carmem. (Bandeira Branca amor, não posso mais, pela saudade que me invade, eu peço paz.) mas não teve jeito e eu fiquei mesmo “Atrás da porta”. A Canção da Infantaria, me leva aos meus tempos de soldado. (Eu era um soldado lindo. Vo-cê se apaixonaria por mim, de verdade!) Paradoxalmente, é um outro hino marcial que me traz a vida de Maria Simonetti, uma das Marias de minha vida, aquela a quem dediquei o conto “Uma menina inesquecível” e o poema – crônica, “A menina da janela”. Acontece, que naquela noite longínqua, quando ela foi coroada “Rainha das Bonecas”, nos altos falantes da festa, tocava “ O Cisne Branco”, um hino da Marinha do Brasil. Nada a ver, né? mas nem tudo que brilha lá no céu é estrela.

E qual a razão desse preâmbulo? Bem.

(Agora tá tocando Pais e Filhos com a Legião.) Atualmente, me vejo surpreendido por algumas canções que, me trazem a sua fo-tografia com aquele olhar de fogueira, cheirando a sândalo. Não posso negar e vou repetir pela enésima vez que você veio para ocupar de forma vitalícia, uma cobertura de frente pro mar na mansão dos amores perfeitos do meu coração. E assim, numa dessas luminosas manhãs, sem mais nem menos, me surpreendo murmurando “ eu amanheço, pensando em ti. [ ...] eu vejo a lua, pela luz dos olhos teus...” Acho que pirei!

Vivendo nessa aridez da minha solidão voluntária, não faço outra coisa senão me dedicar ao meu trabalho e a digitar meus velhos pergaminhos empoeirados. Aí vem você com seu batuque de maracatu, passear diante da minha varanda só pra me espreitar, pra saber das rotas tantas desses mares meus em desas-sossegos e não percebe o brilho dos meus olhos quando Gil canta que há de brilhar uma estrela no céu cada vez que ocê sorrir e que outra estrela vai se apagar cada vez que ocê chorar (Estrela) E nem imagina o meu semblante de menino bobo, quando Marisa Monte recita “ É, boto fé de te ter ao meu lado.” (Não é fácil.) Mas eu vi você na janela daquela casa perto do cais dizendo:

–– Se você quiser eu vou te dar um amor desses de ci-nema, não Vai te faltar carinho ou assunto ao longo do dia. (Ai, ai, ai –Vanessa da Mata) E por mais brega que possa parecer, quando ouço “Rosa” uma obra prima instrumental de Pixingui-nha, criada por Orlando Silva e regravada magistralmente pela mesma Marisa, de quem sou fã. ( Tu és divina, graciosa, estátua majestosa, do amor por Deus esculturada...) aí mesmo é que entro em profundo êxtase..

Falo dessas coisas sem querer parecer piegas, mas imbu-ído daquele sentimento singelo, projetado, assim na terra como nos sonhos. Nos sonhos, na magia e encantamentos que nos en-volve e ecoa pelo céu azul e branco como o céu de uma antiga cantiga de rodas. Por isso, sigo cavalgando montado nas ancas do tempo, não para buscar o que perdi, mas o quero encontrar, o que está amordaçado na boca do vento, no laço da vida. Meu rei-no com seus pomares, seus ingazeiros e os imensos laranjais, on-de conheci meu primeiro amor, onde está meu trono de rei me-nino de beira de rio. Lá me assentarei, exaltado por cânticos pe-renes ,ao lado da minha menina, você, minha rainha, a quem rei-tero todas as noites, antes de dormir, olhando para a fotografia com o olhar de fogueira exalando a sândalo: “Onde você estiver, com quem estiver, não se esqueça de mim.”

QUANDO EU PARTIR

Herivelto de Assunção 15/ 01/ 2006 – 01:30 hs

Quando eu partir, que seja como cheguei. Não me lem-bro como foi. Só sei que foi num anoitecer! Ou como as gotas de orvalho que repousam sobre as folhas nas madrugadas e subli-mam cálidas nas manhãs! Talvez me esvaia como a água da chuva que faz cantiga na vidraça, corre nas enxurradas e desaparece nos bueiros da cidade e, dizem, vai seguindo pelos rios até chegar ao mar. Ah!, o mar... (O meu amor mora bem longe, num jardim bem junto ao mar, perto de onde o sol se ascende e é difícil che-gar lá)

Mas antes, quero lembrar das coisas que vivi, senti, amei, sorri, chorei, sofri, gritei... e quase morri... e renasci... ...nos teus braços. Que bendisse o perfume das rosas, das gardênias e não desprezei o girassol, o meu girassol.

Quero lembrar que vi o verde germinando por entre as pedras. O amor jorrando feito nascente no meu coração. Que vi muitas coisas bonitas, e entre as mais bonitas, estavas tu. E disso sei porque vi de perto o teu sorriso menina, a repetir-se na minha memória e fundir-se à minha alma... E contigo vi surgir um outro dia, um novo dia, muitos dias...

Quero, sim, lembrar que o que vi refletido nos teus o-lhos, era a luz dos olhos do meu amor. Pétalas, matizes, canções e versos de amor, traços de vida! E eras tu, o meu amor.

Pra onde eu for, quero levar as imagens do bosque que te conheci, com o canto dos pássaros, o cheiro da terra molhada, folhas secas cobrindo o chão, a água da tua fonte, que bebi e me extasiei, o vento trazendo teus beijos, teu abraços, teu sorriso. ...teus olhos de deusa.... Quero que todos, todos mesmo, saibam, que o amor entre nós dois foi vivido com o prazer da abelha e da flor. Que bebemos do mesmo vinho, comemos do mesmo pão, dançamos a mesma música, mas cada um de nós ficou sozinho, conforme nos foi ensinado para que o nosso amor não se trans-formasse numa prisão. E seja lá onde eu estiver, direi aos que me cerquem: “Vejam! Lá está ela, a minha menina, para quem eu sou o seu mais querido amor!”

Te amo Tanto

MORTE DOS PERSONAGENS

Herivelto de Assunção 20/02/2006

Minha menina, minha paz , meu amor

“Estranho!” Era o que meu pai achava acerca da morte, destino que eu dava ou ainda dou à alguns personagens que criei. Em “Lírios do Paraíba”, o romance que nunca terminei, Ita, o menino de cabelos eriçados, salva um bebê atirado de uma ponte pela própria mãe no rio Paraíba. Mais tarde, arrasado a separação do grupo que formava o Império da república do Itagaçaba e Paraíba do Sul, ele se atirou da mesma ponte dando fim a própria vida. Sabiá, outro membro do grupo, pela mesma razão se imolou ate-ando fogo na casa em que morava sozinho. Randi, o mentor do grupo, chega aos trinta e cinco anos e, em virtude da depressão que o domina depois da perda da esposa. Porto Rico do Paraíba, o ex-pracinha que vivia da “riqueza” do lixo e profundo amigo dos meninos, sobreviveu aos horrores da segunda guerra mundial, para repousar como semblante dos santos, estirado sobre o galho de um ingazeiro. Os ingazeiros, sempre eles!

Mas alguns dos meus heróis, ou não,da infância toma-ram o outro trem antes do tempo (?)

Foi assim com Sansão, Alexandre, El Cid, Jesus, Corisco, Arthur, Dolores e Péricles Batista. Já Lamarca, Guevara, Joplin, Hendrix Tarzan ( não o da HQ, mas o da Fortaleza de São João, RJ ), to-maram a estrada oposta na minha juventude. Na trilha do meu outono, vi subir aos montes Fred Mercury, Cazuza, Cássia, Rena-to e Mamonas.

Assim são as faces do real e da ficção. Não há como es-capar, logo, não há nada de estranho nas mortes dos meus per-sonagens. É o canto triste que transborda da pequenina e frágil taça das lágrimas.

Porquê te escreve isso? Não sei. No fundo eu gostaria mesmo é de estar pisando o teu chão, tocar tuas mãos, te olhar de perto, te ouvir, mesmo que uma vez ou outra e me sentir ungido por um sorriso teu. Pode ser isso, uma forma de extravasar meu desejo de estar, falar contigo. É a grandeza, a beleza do teu amor.

Perdoa-me, então se aborreço com essas besteiras. Per-doa-me se abuso desse amor.

Amo-te sempre.

SILENCIOSAMENTE SÓ

Para Morgana

Herivelto de Assunção 08/03/06 - 01:43:57 hs

Hoje me ponho a refletir na clareza exata da tão propa-gada fadiga da solidão que me agita e ao mesmo tempo inspira. O silêncio é meu parceiro, mas só de passagem, pois nem sempre consigo usufruí-lo. Gosto do silêncio para preenchê-lo de músicas e pensar em ti, minha menina, cuja ausência, tanta falta me faz. Me presto, resignado, a esse consentimento. Há momentos em que é inútil falar gritar, desesperar. Daria a impressão de loucura, desconforto, desequilíbrio. Lá fora, poucos se importariam com nossos gritos. Não querem ouvir o que poderíamos falar em voz mansa, calma, palavras que poderiam ser ditas em qualquer lugar reservado a uma sã conversa de expressões bem vindas. Tanto faz, se ditas aqui ou acolá; num bar ou no escritório; numa esqui-na ou num jardim; ou no teu quarto, menina, sentado na tua ca-ma, olhando teus olhos, desejando teus lábios, teu corpo, tua al-ma. Sabemos que são nos gestos e no verbo que os sentimentos se expandem e concebem a compreensão bendita que resulta, di-gamos, em amor.

O mundo anda ocupado demais com seus conflitos e es-sas coisas não são percebidas. Querem ouvir os sons das fábri-cas... as palavras de ordem dos pregões que produzem lucro. Lucros... esse ato que movimenta o mundo, que agita os canhões que impulsionam o desenvolvimento desse imenso, poluído e ba-rulhento planeta.

Parece que somos feitos de natureza inanimada nesse burburinho de inconsciência brutal, mas dinâmico, onde tudo muda á uma velocidade incontrolável. Penso em você, minha menina, que talvez pudesse ser o meu amor de verdade. Talvez...? Isso é impossível, mas gosto de expressar esse suposto “talvez”. Há uma névoa. Uma delicada, perfumada e melancólica névoa, que me traz teus olhos, tua boca, teu sorriso lindo, (Em ti tudo é lindo, menina, muito lindo!), para uma estação impalpável, mas próxima de mim, que me arranca um sorriso, melancólico é ver-dade, emoldurado de solidão, recheado de amor. Este amor... Um crime, um vício ou um disfarce dos meus desencantos? Não é mais que uma coisa, nem menos que outra... É o inexplicável tempo de tua presença na memória. É a ânsia de receber noticias tuas. O pressentimento que, cruel, insiste em anunciar que o cal-do da separação será derramado, prevenindo para que não me ocupe de lágrimas, mas que aproveite o silêncio vindouro para cantar, ouvir mais músicas, escrever mais poesias, para não me lembrar que em meu lugar um outro, verdadeiramente real e mais merecedor que eu, virá, ( Como virão, inexoravelmente, os amanhãs com as folhas que planam em abril, as flores que exalam no novembro, tuas sementinhas, meus cabelos de ancião...), seja lá de que maneira, mas virá, para ocupar teu espaço, mirar teus o-lhos, beijar tua boca, se deliciar do teu corpo, da tua alma, da tua vida e percorrer contigo pelos teus caminhos, nos quais não pude te acompanhar. Te falará de perto todas as palavras que não me foi dado o direito de dizer aos teus ouvidos. É assim mesmo, o nosso amor não tem permissão, aliás, nem foi criado para ser a-lém do que é, porque é fado, desde os irreversíveis e imemoriais tempos das magias e feitiços, quando nos encontramos pela pri-meira vez.

Meus sentidos estarão silenciosos, entristecidos, consci-entes do sofrimento dominado. Voltarei a ser, como anteriormen-te fui, antes da tua chegada ou teu retorno, apenas um sorriso dis-farçado na face de um anjo infinita e irremediavelmente triste .

Por Deus, minha menina! Me perdoa se as vezes me en-veredo por palavreados que parecem fátuos, intrínsecos, tatuados em meu coração. Não consigo evitar.

Te amei ontem, tanto quanto te amo hoje e amarei per-petuamente, assim na terra como nos sonhos.

Me perdoa por te amar assim!!!

O Anjo

MINHA MENINA, EU, E É 19 DE ABRIL

Herivelto de Assunção 19/04/2006

Um dia, menina, silenciarei. Um dia, ou noite, tanto faz, o derradeiro momento chegará e nada mais direi, cantarei ou es-creverei. Tão profundamente dormirei que meus sonhos não mais terei. Só minh’alma, libertada, seguirá para algum cantão no universo em busca de outras tantas, nem tantas assim, umas pou-cas, talvez, conquanto andei nos pontos cardeais mais em compa-nhia da solidão. Foi assim em cada porto onde atraquei minha caravela de quimeras, desgovernada nas tempestades atemporais disfarçadas de acalanto que falavam de caminhos, todos cor de rosa. Mentira! Encontrei muitos espinhos que me machucaram e fizeram sangrar o coração várias vezes. Tinha até estradas tortuo-sas revestidas de cacos e pedras – nenhumas preciosas- gentes profanas, destituídas de viço. Não me queixo e nem devo, afinal, por duas vezes encontrei o amor. E não era miragem.

O primeiro me elevou ao ápice. Foi tão sublime que flu-tuei nas nuvens e naveguei em mares tranqüilos, Por descuido, uma tempestade despedaçou minha nave. Só me restou chorar, chorar e chorar. A segunda vez que o amor chegou, foi num certo inverno do meu outono. E como esse, outro não mais terá.

Quando veio o primeiro amor, era primavera na minha primavera. Eu era só um marujo sem cadência. Agora, não. Agora sou um almirante de quatro costados, firme no leme, com ampla visão do mar e nem por isso deixei de sonhar. E mesmo que ve-nha um atípico temporal, não sucumbirei. Perco a caravela mas não morrerei com ela. Isso é certo.

Alguém me disse que eu encontraria segredos escondi-dos na árvore da vida, em cuja copa, querubins cantavam a “Pan-ge lingua”, (1) para anunciar o amanhã da partida do Filho Dele. Que já era tempo de eu e todos os viventes feitos à sua imagem e semelhança, daqui, de lá e d’acolá nos redimirmos de nossos pe-cados. Pode até ser, só que eu não tenho pecados.

Diz-se, lá pras bandas de onde vem todos os ventos, que na árvo-re, o fruto e a serpente se misturam ao coro angelical. Aí, em vez de Paraíso, pode-se afundar na falsa pia sacramental de areia mo-vediça que aniquila e consome qualquer lembrança.

Diz-se, outrossim, que na caverna dolorosa onde todas

1) Pange lingua – Hino de São Tomás de Aquino. Composição de Bento Pereira de Magalhães, mestre da capela da Comarca e da Vila Real de Nos-sa Senhora da Conceição do Sabará (MG), - Missal cantado em coro na cerimonia do lava-pés na quinta que antecede a sexta da paixão. Fonte. www.meseudemaraina.com.br

as águas do mundo são paridas o Hum e o Outro travam, pelos milênios, uma acirrada peleja disputando por essa ou aquela cen-telha de alma pecadora, sedenta de prazer e luxúria ou, arrepen-dida, de repouso e paz, num jogo de dominó. Quando o Hum fecha com gabão de ás, esboça um sorriso, mas se o Outro bate com um gabão de seis, solta uma gargalhada sinistra. De vez em quando, vão para os intervalos para que possam dar voltas pelo mundo, sem saberem quem rirá por último. É dito que quando o Hum ganha, os beneficiados vão renascer e morar nas ilhas gre-gas, gozar a vida na Côte d’azur ou, na pior das hipóteses, em Amsterdã ou Viena. Se é o Outro o vencedor, o destino é o ori-ente médio, nordeste brasileiro ou no Rio de Janeiro, mas bem longe da praia e sem direito a carnaval. Se um desses coitados for atingido por uma traçante perdida, só o Hum pode designar seu destino, Provavelmente descansará a beira-mar em terras tropi-cais, saboreando frutos sagrados e ouvindo canções, aquelas que cruzaram fronteiras, com direito a se sentar na platéia para assistir aos embates entre o Hum e o Outro. O que sei é que faço parte dos que não vão entrar naquela pendenga. Só não sei que atalhos seguir ou se encontrarei aquelas almas minhas. Embora com di-reito a retorno já preestabelecido, simplesmente não penso em partir tão breve. O que quero mesmo é estar com minha menina, aquela que me chama de meu mais querido amor. Teremos todo o tempo do mundo para estarmos juntos e sermos felizes para sempre e desde sempre.

Bem. Hoje é dezenove de abril. Uma folha caiu, um ba-lão subiu, um foguete partiu e ninguém viu. No arquivo do meu out look, vejo suas fotografias e não me canso de olhá-las. Con-firmo o quanto você é tão linda. Incessante, repito: eu te amo! eu te amo! eu te amo! (Só-sei-vi-ver-se-for-por-vo-cê). Só fico um pouquinho triste por não ter ido ainda ao seu encontro para abra-çá-la e me sentir meio que feliz, meio que abobalhado por receber um beijo seu., além de ficar me perguntando , desnecessariamen-te, “Será que ela gosta mesmo de mim? Será que me achou feio? Arrogante? Petulante? Será, será?”.

E daí que é dezenove de abril? Ora! É meu aniversário! “Cê sabe, tava morrendo de saudade!” Então canta parabéns pra mim, manda um abraço e um beijo que pode ser rosa, vermelho ou lilás, com sabor de framboesa, morango ou chocolate. O importante é que deixe marcas no meu rosto que é pra eu sair às rua me exibindo, trasbordante de emoção como se fosse um menino, que ninguém nem vai acreditar nos meus cinqüenta e cinco anos. Quanto ao presente, não se incomode. Já tenho o que mais preci-so. Você.

Teu mais querido amor

Madrugada em abril

Herivelto de Assunção 19/04/06 - 02:36

Uma parábola

Há três coisas que me agradam e uma quarta que muito mais me faria feliz. Um café bem quentinho, o sorriso de uma criança e um beijo da mulher amada. E que esse beijo fosse o teu. pois, teus lábios são como o favo de mel que destila o sabor do teu pa-ladar.

SÓ UMA LEMBRANÇA

Minha menina, menina, menina!

Ha um texto meu chamado "Que venha a morte." Nele há uma referência a um casal de meninos, filhos de pernambuca-nos, que dançavam frevo usando as sombrinhas. Eu gostava mui-to de assisti-los, embora não dançasse porque nunca fui um bom pé de valsa. Faz muito que não vejo dançarinos de frevo. Mas quem sabe, um dia eu não apareça assim sem mais nem menos e vou desfilar por ai com esse meu ar nostálgico, me sentindo o tal. mas enquanto isso não acontece, vou ficar torcendo o mais e mais para que a minha menina, fique mais quatro anos nos "bancos" para se doutorar e ganhar um belo anel, não daqueles que era vi-dro e se quebrou, diferente do meu amor que te tenho e muito e não se acabou nem se acabara.

Vou descobrir o Alceu Valença. talvez aprenda com ele um pou-co mais sobre o seu frevo.

Então vamos mudar a letra da música.

“Me apaixonei por alguém, que gosta muito de mim”.

que nunca vou esquecer, porque assim me convém.”

pronto. Agora e só sair por ai cantando assim.

Um gostoso abraço, um beijo.

Te amo

UM LUGAR CHAMADO SAUDADE

Herivelto de Assunção - 23/08/2006 - 23:50

Minha Menina, não existe no mundo menina mais bela que você, a minha Maria

“Quando a próxima lua cheia trouxer sua prata sobre os arbustos da minha rua, será teu rosto lindo que verei refletido no mosaico das estrelas.” (Herivelto)

Saudade é o nome de um bairro da cidade da Ponte dos Arcos.(Barra Mansa,RJ) Tem uma estação de trem e fica perto de uma outra ponte, a Mauá, só para pedestres. É ali que se fixa o ponto mais nítido da minha saga. É quando conheço aqueles que se tornariam os pri-meiros amigos, de quem guardaria os nomes. Tempos de Maria Simonetti; de Dida, o que usava brilhantina a partir das seis da tarde; Tiãozinho, que perdeu uma perna ao cair de um caminhão; a Margarida Flores, que rachou a minha cabeça com uma pedra-da; a rosada Nana, que cuidava de uma avó entrevada e Leda, a-quela que me presenteou com o primeiro beijinho no rosto. Foi lá que aprendi a ler e escrever e, em seguida, o contato com a litera-tura e o cinema. O Cine Saudade. Lá fui com meu pai, a primeira vez, assistir um “Tom e Jerry” e um filme, se não me trai a me-mória, sobre um tal Dioguinho, personagem da literatura de cor-del.

E é do cinema que vieram dois nomes que me marcari-am profundamente. Glauco Valério, de “Os dez gladiadores.” e Pérola Chaves, de Duelo de Titãs.” Viraram alvo de um desejo prematuro de ter filhos e assim chamá-los. Cresci com essa ilu-são. Quis tê-los com Carmem e ela recusou. Tinha lá suas razões, inclusive o fato de eu ser muito jovem, e não sequer uma profis-são. Fui para o exército pensando seguir carreira militar para rea-lizar meu sonho casando-me com ela. Porém, num Brasil e Che-coslováquia na copa de 70, a nossa caravela naufragou. O tempo passou. Só tive filhas e nenhuma delas se chama Pérola Chaves.

Como vê, mais uma coincidência, desta feita nos nossos sonhos de infância. Eu, sim. Você, não. Você me fala de solidão, uma surpresa para mim. Só que você acha escapes para ela. Eu continuo solitário, inclusive dentro de minha própria casa

A terra deu suas voltas e nos apresentou em tempos de-fasados só para não haver simetrias entre nós. O deus Tempo, como num blefe de jogador, exibe-nos páginas de coincidências entre nós e solta gargalhadas para zombar dos nossos sonhos. Os deuses sempre foram assim, gostavam ou ainda gostam de brin-car. Veja só, Helena era a mulher mais bonita do mundo. Tinha o dom, graças Afrodite, de seduzir que bem entendesse. Páris rece-beu o dom de seduzir a mulher mais bonita do mundo, da mesma Afrodite. Foi o que ele fez. E aí, cê sabe. Deu no que deu. Uma guerra e tanto.

Você agradece aos deuses por eu estar em sua vida que seria vazia sem mim. Recíproca verdadeira. E como! Mas não es-peremos muito deles, nem os questionemos. Aceitemos nosso amor do jeito que é, sem precipitações ou outras intenções para não nos magoarmos nem nos machucarmos. Sejamos testemu-nhas, confidentes, amantes, fãs, o que quisermos. Amemos e so-nhemos um com o outro porque nos faz bem. Temos uma bela história. Vamos escrevê-la e contá-la juntos. Para mim você é a menina mais bela do mundo, a passista mais faceira, e eu, o mes-tre-sala mais gentil. Aplauda-me ao me ver bailar que eu ficarei de queixo caído com o seu gingado. Mande-me sempre, seus beijos e abraços. Retribuirei. Outras vezes tomarei a iniciativa. Repita mil vezes que eu sou o seu mais querido amor, porque eu gosto de ouvir essas declarações, minha menina, minha paz, meu amor.

Que assim seja!

E aí vão mais um poema, e outras cartas encerradas com a marca do meu amor e da saudade que sinto por você que vive tão longe, mas perto de minh’alma e, por isso vivo sonhando, cantando, falando sozinho pelos meus caminhos ciente do quanto de felicidade eu sinto com sua vida, suas palavras, seu carinho, tudo colado como figurinhas carimbadas no álbum do meu cora-ção sem contar a alegria e emoção, estampadas no meu rosto, com a chegada de suas cartas, lidas e relidas sem exaustão, além da “Trilha sonora do nosso amor”, linda, minha menina, linda mesmo. Se já era maravilhoso você ser a minha menina, imagine ser a minha Maria. Maravilhoso, mais ainda seria se eu pudesse ser seu hospede, seu príncipe, seu marido. Só assim eu poderia tomar suas mão e calar sua voz num longo beijo.

E porque não um beijo com cheirinho de cuscuz.

Te amo!

Seu mais querido amor.

E.T. Agora posso mesmo me casar com você, sem problemas, já que com fome sei que não vou ficar. Teremos cuscuz no café da manhã, no almoço e no jantar, até que aprenda a fazer outro pra-to. Humm, bão!!!!! [risos]

SENTIMENTOS

Herivelto de Assunção 26/08/2006 – 02:59

Minha menina, te amo tanto!

“Não sentir outro sabor , senão os dos teus lábios a cada encontro, tão esperado como uma nova manhã.”(Herivelto)

Diz-se que tudo que acontece em nossas vidas é realiza-do através de relacionamentos. É a partir das relações humanas que se ama, aprende, ri ou chora, vivencia, fracassa ou é bem su-cedido.. E é nas relações diversas que depositamos toda gama de sentimentos. Confiança, dedicação, entrega, amor, ódio, mágoas traumas e ressentimentos de um modo geral.

Dentro desse conceito, não foi diferente comigo. Absti-ve-me, porém, de me apropriar das partes ruins. Da minha mãe e da primeira madrasta não guardei mágoas. E não me revesti de traumas por causa delas. meu pai soube me conduzir, e eu, enten-der a mim mesmo. Outros fatores contribuíram, como o carinho de Maria Simonetti, na inocência dos meus seis ou sete anos, a chegada da segunda madrasta, sem contar Carmem, o grande a-mor da minha vida, amor esse nascido no ardor da juventude e sacramentado nos desesperos do amor feito onde quer que ele nos encontrasse naquele cenário bucólico dos pastos, gados e cur-rais, nas noites clareadas pelas “lâmpadas” das estrelas e da lua ou às margens do riacho tranqüilo, hoje transformado numa triste vala negra.

No processo de relacionamento. atingi parte dos meu objetivo no campo profissional. Afetivamente, não me cassei por amor, afogado, ainda, nas dolorosas lembranças de Carmem. Foram dois anos difíceis, mas tudo se fez como devia ser. Ocorre que não consegui o maior dos relacionamentos, aque-le em que eu deveria encontrar comigo mesmo. Aí eu me perdi.

Mais tarde o fracasso profissional em razão da rejeição em massa aos da minha idade no mercado de trabalho. E eu só tinha 45 anos! Foi um baque, Fui para no fundo do poço. O sta-tus se perdeu e, com isso, rompeu-se o elo que me unia ao bem que eu mais prezava, a família. E lá se foram os passeios de carro sem destino traçado, os lanches surpresa, os presentes indepen-dentes de motivos específicos com as crianças, e findaram-se as tardes de sábados em motéis com a esposa. E lá no fundo do po-ço, um abismo.

Foi uma resistência heróica, uma sobrevivência pungen-te, dolorida. perdi o equilíbrio, a saúde física. A emocional quase se deteriora e a controlava entregando-me aos delírios e fantasias impressas no papel. E a beira desse abismo havia umas pedras. Era só tropeçar. Olhando para trás, percebi que em algum ponto havia um sorriso que, em princípio, era só mais um entre tantos outros que se me exibiam. Era um sorriso com uma esplendorosa luz e um manancial de amor. O resultado, você sabe. Bebi no manancial o seu jorro de amor. É certo que não é para ser bebido com volúpia para não se perder a consciência e mergulhar depois num poço de desvarios e perdição, e longe de ser um objeto de adoração, é um fruto com as cores, o sabor e o aroma que apre-cio. Se exposto em vitrine, enche meus olhos e dá-me água na boca. Se viso num pomar, não devo colhê-lo com ganância. É tão bonito, tão fascinante!, por isso, jamais terei reação como a da raposa em relação as uvas.

Benditos são teu sorriso, tua luz, teu amor, que me resgataram do meu cansaço da vida. Sendo assim, minha menina, Graça plena da minha vida, minha Maria, não posso fazer caso do teu amor, nem recusar tua visa ao lado da minha. reitero que a ti me doei para compartilhar contigo os anos que me restam até quando quiseres. merecemo-nos. Agora, ouça: Foi um susto saber que já pensaste em partir. Dolorosa coincidência, meu amor. Me deu um calafrio, e eu chorei. e juro, como chorei. Por favor, mi-nha menina. isso não! Exorciza esse fantasma. Deixe sua alma re-verberar o som de suas dúvidas e, com certeza descobrirás teus encantos com o que desejas e o ser divino que tu és. Não queiras encurtar teu tempo. Sabe, mais dia, menos dia, tomarei o caminho que me conduzirá as planícies onde nascem meus sonhos, ao a-manhecer, ao meio dia, ao anoitecer e ecoam todas as confissões do nosso amor. Se souberes, chores o quanto quiseres. Se não for o caso, o tempo de ausência denunciará. E saberás. Faça como eu, acredite na lenda que inventei (inventei mesmo?), que daqui a muitos anos, muitos anos mesmo, voltarei para encontrá-la e fi-carmos juntos nas planícies ou aqui mesmo..

Sabe o queria agora? Estar ao teu lado, minha menina. Neste instante choro. Desculpe-me. Isso é porque te amo, te a-mo, te amo.

O sono me domina nessa madrugada fria e feia.

Recebe meus beijos com gostinho de lágrimas e com as cores da nossa flor, o flamboiã..

Teu mais querido amor

Garcia Chaves
Enviado por Garcia Chaves em 27/06/2007
Reeditado em 12/02/2008
Código do texto: T542853