ILHA DO OURO

“O PARAÍSO DO SERTÃO”

Carta a uma amiga, escrita quando me refugiei no lugarejo, onde nasci para tomar uma decisão, se ali permanecia ou mesmo ficava por algum tempo escrevendo e conversando, aprendendo mais com a sabedoria popular e revendo momentos de um passado distante de minha infância.

Aqui o tempo não passa, anda devagar quase parando e eu nesse meio tempo, ainda não tive tempo de pensar (parece contradição), mas tenho feito algumas reflexões, porem nenhuma conclusão que determinasse o caminho a ser trilhado.

Passado esse momento primeiro, onde a novidade da minha chegada ainda é assunto na ordem do dia. Começo então a delinear com cálculos, as distâncias para cumprir ritual de permanência alongada. Tenho feito algumas incursões no pensamento, avaliado o coração, consultado o destino, mas não logrei êxito quanto ao rumo.

O normal não passa de rotina diária, acordar cedo com o cantar dos passarinhos e dormir também com a sinfonia de despedida de mais um dia. A conversa sempre versa de acordo com o contador de “causos”. Tem aquele que contam as proezas de uma grande pescaria acontecida, outro já conta a desdita de um amor perdido depois de ter partido. Assim se arrasta uma manhã inteira ouvindo e acreditando no que escuto. Por seu turno de quando em vez me banho nas águas doces do Velho Chico que me faz voltar a ser criança e reviver tempos que a memória me leva ao passado.

Aqui nessas terras onde a dureza no modo de viver contrasta com a grandeza do conviver, a satisfação de conversar, aqui se pratica o bem, comete-se o amor. Venha, aqui ainda existe esse lugar, junte-se a nós.

Queria eu, terminado o prazo que limita meus sonhos da realidade poder determinar, onde e quando a força da vontade junto com a sabedoria dos mais experientes, somado a determinação da consciência dos que já se posicionaram, unindo o correto ao agradável numa boa convivência, ser iluminado por um clarão de sabedoria e arrastado para uma decisão. Ficar ou abdicar dessa tranqüilidade?

Tenho agradecido por tamanha grandeza e sensibilidade interior desse povo que me faz sentir o sabor da bondade que ainda está guardada dentro do coração dessa gente. Te beijo

Novato: O mercador de sonhos