Meus limites

Ter coragem é descobrir onde está a nossa fragilidade e ali trabalhar com um empenho um pouquinho maior. É não desconsiderar o que temos de bom, mas é também colocar atenção naquilo que ainda temos que melhorar.

Você e eu estamos em processo de feitura. Passarão muitos séculos e talvez não estejamos prontos, ainda, para uma tresloucada aventura. Sua perfeição e fortaleza vão de encontro a minha fraca aptidão em lidar com um corpo forte, porém delicado.

Não sou perfeito. Em franca evolução, estou por ser feito, estou sendo forjado aos poucos, em fogo brando para alcançar a melhor têmpera. Certamente um dia essa espada sem fio se tornará cortante o suficiente para romper os grilhões dos meus limites.

Nesse processo doloroso de ser feito aos poucos eu vou descobrindo onde é que doem minhas dores magoadas pelos espinhos da cruel vida a que me imponho. Minhas dores estão sempre mudando de lugar.

Ora é na cabeça, no coração, no ombro direito, estômago... mas o lugar preferido dessa insuportável agonia é no meu plexo solar.

Quanto mais uma pessoa está aperfeiçoada no processo de ser gente, maior é a facilidade de conhecer limites. O denodo das ondas em dia de borrasca, na representação da juventude altaneira, há muito tempo foi substituído pelo mais arguto pensamento direcionado à prudência e ao recato. Necessito de incentivo para ser mais ousado.

Se você se soltar mais um pouco certamente o meu progresso será mais rápido. De mãos dadas conseguiremos ir mais longe. Juntos poderemos remover os obstáculos que a sociedade injusta nos impõe.

Por essa singular razão preciso de você! Quero arrancar de mim esse receio obliterante e dessa forma poder expungir de remorsos minha consciência limitada, porém, em ebulição na efervescência da testosterona e repleta de preciosidades de nudez fresca e virginal.

Necessito lhe entregar a chave de ouro que dará acesso ao abrigo dos meus limites. Queremos? Resta-nos ousar e cada vez mais alto voar.