Apenas triste.

Na escrivaninha, a caneta tinteiro já não vai de encontro ao papel, e no ateliê onde já houve muita cor e alegria, hoje cheio de pó, exibe um cinza triste.

E nos cômodos que eram embalados pelos belos consertos de rock em uma vitrola antiga, são tão mudos que nem se sabe se existe vida ali.

A grama cresceu e mataram as rosas, inclusive as de seu coração.

Era uma rosa tão linda, e foi murchando, e murchando, e murchando até que se tornou parte morta.

E ela resistia, por um longo minuto dentro de sua cabeça, mas o peso da alma pesava agora seu corpo. Os dias preferidos eram os dias de temporais, pois ninguém aparecia para visitas já não tão agradáveis. E nos dias de sol se trancava, a velha TV preta e branca, quase em silêncio, cortinas fechadas e luzes apagadas. Ela, não consegue mais ver beleza em nada, e nada é bom o suficiente para fazê-la despertar.

A menina que um dia já foi tão viva, que espalhava tanta cor por onde passava hoje vestida de luto, por sua morte em vida, passa seus dias fazendo parte da velha cama de mogno.

Discurso de Mulher
Enviado por Discurso de Mulher em 25/03/2016
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