Amor Ágape

Perdoa, amor!

Perdoa-me pela falta de diálogo quando querias falar, ser ouvida,

Mostrar-me tuas agruras, tuas carências, tua falta de audiência.

Perdoa-me pela falta de compreensão quando desarrazoavas com teus devaneios, caprichos,]

Tuas manias, teu jeito particular de ver as coisas

E tua necessidade de ser compreendida.

Caminhar a teu lado foi percorrer campos verdes, floridos, primaveris,

Mas te perder no caminho foi perder o chão,

E o sabor de tua ausência foi como clareiras

Que em meu peito se abriram e agora somente o vazio as percorre.

Outras jamais se aventuraram percorrê-las,

Pois apenas tu, minha Vênus, buscaste invadir-me.

Tua partida sangrou-me e, a ferro incandescente, tatuou-me,

E fez noite dos meus dias.

Difícil, inglório tornou-se seguir por tortuosa vereda,

Margeada de ferozes arbustos.

Perdoa, amor!

Perdoa-me pela falta de lhaneza com que a ti, tantas vezes, me dirigi;

Pela falta de sensibilidade em não te ter envolvido nestes braços,

Não te beijar e acarinhar quando mais precisavas;

Não te enxugar as lágrimas que ajudara a precipitar.

Minha arrogância fez-te afastar,

Minha insensatez ocultou-me o porquê.

Agora, rasgo meu peito e te exponho o que te ocultei outrora;

Meu cerne te ofereço e são tuas minhas verdades.

Não te lanço ira, pois já não a tenho nestes dias.

O sentimento que te cultivo independe de tuas respostas,

Pois te dou sem expectativas;

Dou-te porque é maior que os percalços sofridos

E dispensa até que tu dele te apercebas.

Rogo-te apenas alvas centelhas a te guiarem, uma trilha venturosa;

Que teus passos fujam às ciladas, aos embustes, aos espinhos;

Que teus dias sejam claros e tuas noites reconfortantes.

Não te quero angústias, não mais sofreres.

Quero que te reconheçam entre as mais belas criaturas;

Que te afaguem como sempre afago em meus sonhos;

Que se lembrem de ti como o faço todos os dias em minhas preces.

Quero que busques tua estrela e que teu jardim floresça.

Tua alegria será sempre minha

E meu mundo só será completo quando tua realização se fizer,

Quando teu sorriso voltar a te estampar

E me disseres que és muito, muito feliz.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 10/07/2007
Reeditado em 08/07/2008
Código do texto: T558721
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