Carta de mim para mim, no futuro.
RJ,ABRIL, 2016.
"Meu caro Eu,
sei que estarás a ler esta carta no ano de 2041, pois assim acertamos, Tu e Eu.
Lacrada e protegida das intempéries do tempo, a ocupar esconderijo livre da expansão imobiliária, sei que te encontras sentado sobre a gigantesca rocha defronte ao nosso mar.
E então, conseguiste realizar os teus sonhos? Publicaste os teus livros e eles receberam alguma consideração? Lembras? Não queríamos a nossa fama, apenas que fôssemos lidos... E dos nossos amigos? Ainda convives com eles? Espero muitíssimo que sim. A economia, a política, andam de mãos dadas com o povo? Ou, daqui como as vejo, o poder da ganância ainda impera sobre o pedestal fraudulento dos interesses individuais?
Não, meu sonhador, não conseguirás partilhar-me uma tua resposta, muito embora essa inexequível intenção já esteja implícita e à frente, agora, de nossos próprios olhos...
Sem mais delongas, despeço-me, porque as tuas lentes devem já estar a falhar e, da mesma forma, as tuas juntas e articulações, que nada fácil, imagino, deve ter sido caminhar, mesmo lentamente, a seguir por uma trilha sinuosa e íngreme até o píncaro dessa grande rocha".
 
Do teu Eu, em ti,
HF.