Que os pais deixem aos filhos a herança que lhes foi dada com amor.

(Este texto eu comecei assim...)

Amor, eu tenho um gato preto. Aliás, toda bruxa que se preze tem um, apesar de que com a nova geração emo(cional) tem gato de tudo que é cor: do lilás ao azul. Não importa, tem que se chamar atenção, acender emoções, gritar com o ridículo o que se passa desapercebido por dentro. Temos de certa forma escandalizar e nos sujeitar ao vício, ou ainda á indisciplina, pra que nos notem pra que nos vejam ou ainda pra que nos amem novamente. Estamos meio que esquecidos diante de tanta correria, ao meio de tantos consumos e disputas; só mudou o século, as pessoas continuam as mesmas, sempre passando por cima do que realmente é importante. Eu sou importante. Eu existo! Não vê que por detrás dos meus cabelos espetados, armados com gel e coloridos ao ridículo o que eu quero é só o seu olhar pra mim, quero ouvir o som da sua voz como quando eu ainda era pequenino, quero seu colo pra tombar minha cabeça cheia de dúvidas, quero o afago nos meus cabelos, quero só alguns momentos pra nos conhecer. Quero tudo aquilo que leio nos livros e não vejo entre nós. Veja como eu picho as paredes, como eu tatuo a pele, e me encho de piercing. São pra que você note que eu sou de carne, ossos e sentimentos. E eu choro nas noites vazias onde você não está nos dias longos e quentes ou ainda nos finais de semana dos quais compromissos são mais importantes do que eu. Não lhe choca o fato de eu afogar minhas mágoas no álcool, ou entorpecer-me com as drogas, que só irá destruir o corpo e macerar minha alma que almeja seu simples olhar, tocar, afagar, abraçar, beijar...Me deste tanta liberdade e nenhuma direção, então mergulhei no vale dos infortúnios onde lota-se de banidos como eu do seio familiar. E eu só queria que você me desse um minuto de sua eternidade, seria o suficiente um único abraço, trocaria tudo de valor por um único olhar seu encontrando o meu, onde esperaria ver, refletida minha alma na sua e poder realmente sorrir.

Pais de todas as espécies e de todas as tribos atentem ao chamado dos filhos. Seja mais presença do que presentes, seja mais ocupado com eles do que preocupados com finanças, vejam com os olhos do amor a dor que deles aflora. Não esperem ficarem tão distantes que não possam alcançá-los.

Filhos de toda á parte, não esqueçam de que seus pais também fizeram suas escolhas quando tinham a sua idade. Vivenciem com eles as experiências que eles tiveram. Troquem as figurinhas de suas vidas, brinquem com as emoções, e descubram, o quanto tens em comum com eles. Não se revolte consigo mesmo, lute pra continuar livre de tudo que possa colocá-lo no cárcere de uma alma abandona.

Sejam felizes os pais e filhos que dialogam, vivem e vivenciam o prazer de se viver.