carta a um a amigo que fez dez anos como professor.

Dalton, parabéns, primeiro pelo aniversário, que foi devidamente tratado numa ligação ás 12: 17 H nesse dia de Nosso Senhor . Agora vou fala dos dez anos de ensino, dez anos, que não foram somente de ensino, mas também de muito aprendizado. Conheci você antes desses dez anos, foi no verão de 1996, exatamente no dia 18 de dezembro de 1996. Um dia antes, alguém que tinha que te conhecia me falou: Se caso se sentir sozinho lá, se aproxime do Dalton, é gente boa. No dia seguinte, queria saber quem era Dalton, e lá pelas tantas você aparece, magro e cabeludo, essa informação não é para te deixar triste, mas para te falar que o tempo, cumpre sua natureza que é passar e nós, imerso nessa temporalidade, dele somos sintomas . No entanto, o tempo não soube, melhor, não pôde retirar o que você tem de mais bonito, de mais verdadeiro e de eterno, teu coração, vivo, alegre e piedoso, e por isso, sua pessoa é tão insuperável, não se esgota, sempre tem algo de novo, de recente, como se o presente lhe banhasse todos os dias com suas águas, que direta, ou indiretamente sobressai em nossas conversas, e quantas delas não tivemos, quantas lágrimas, quantas, mas vou parar nessa parte, porque corro o riso de constrangê-lo, pois os sentimentos, que tantas vezes em você presenciei não rima com nosso mundo machista, das superfícies, que maioria habita, com a ilusão de que sabe da vastidão da vida, mas da sua luz eu sei, porque dela já me servi em muitos momentos de desespero, de dor, de falta e que encontrei no seu ombro, a palavra, o gesto, ou mesmo o silêncio, que cumprindo a sua excelência não se dizia palavra , mas que o profundo da minha alma ouvia e se aquecia, de modo que naquele momento eu já não me encontrava sozinho, sentia amado e importante nessa face do mundo. Antes de ser professor formal, já o era, pela sua presença e pelo seu senso de bondade, e é tão difícil ser bom e por sê, é fácil e natural, talvez, por isso se dê apenas dez anos de professorado. Eu o tenho assim bem antes dessa data comemorada.

Mas não é só por isso que eu amo, e amo sim, e amaria sempre, porque você assim, impiedoso comigo na arte de ser, impiedoso na arte de estar no mundo sem o negar , de nos congraçar quando nos encontramos, nunca é ruim, nunca foi ruim, é sempre bom, prazeroso, espirituoso, é sempre esclarecedor o nosso encontro, sempre saio dele maior, mais corajoso, mais vivo e mais inflamado para encarar o próximo dia. Com você eu sempre ando pra frente, e quando o passado é evocado em nossos encontros é para nos clarear, para não repeti-lo, ou para ser a massa que precisamos empurrar para nos tornarmos maior, mais forte e com a vontade mais musculosa . Eu o amo também pela cultura vasta e variada, pela filosofia, pelo direito, pela literatura, por todo esse conhecimento tão diverso quanto interessante, pela retórica ( Aqui quem fala é Dalton), pela sua inocência, a parte ainda não tocada pelo martírio de se viver, até pela sua chatice, que as vezes é inconcebível e eu finjo que não vejo. Amo pelo seu ego, tantas vezes inchado pela boca dos vendavais. Até o que te é ruim é bom, que vejo como um tempero alquímico que te torna mais abundante. E também o amo, por me amar, tão difícil sou, tão áspero sou, e tão poucos teve a persistência de persistir.

Quero que você dure, perdure, nesse agora e no futuro, e que tua luz só aumente, que o fogo de sua alma continue a contagiar outros que dele precisa e que ainda não soube acender no próprio coração.

Grato por estar no mesmo mundo que o seu, por vivermos no mesmo tempo, por saber que tenho um amigo, um irmão, um camarada.

Que Deus o ilumine!

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 14/07/2016
Código do texto: T5697868
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.