Meus ais.

Não por conta dos meus novos ais, Jesus, esse desabafo todo emoção que já explodiu aqui no peito. Não. É, de novo, dos antigos que Te falo. Os torturantes e arraigados que não saem. Diacho! Têm que sair! Que falta me faz chorar que nem gente grande, aquelas horas de íntimo desgosto que se solta uivos de coiotes porque a dor cá dentro é de dilacerar. Mas, e a vergonha se alguém ouve? E os olhos vermelhos depois? E se toma forma esse desespero e eu quebro algo caro? E coloco a culpa em Você? Não, melhor não chorar, nem gritar, nem tensionar os tendões do pescoço e inchar as veias e desabar com as mãos no rosto rogando-Lhe mais perdão que ajuda. Não, melhor deixar como está: Você sabendo, eu sentindo, e a coisa segue como tem seguido, infeccionado já no peito. Lembra das vezes antigas? Eu Te contei das fortalezas remanescentes, dos lugares de dentro gastos pelo tempo que nem eu tinha acesso, e Você me conduziu pelo caminho inverso. Tive de retornar, eu entendi que não era recuar, nem retroceder, Você me fez perceber essa coisa que dei o nome de perdão. Te confesso que fez diferença, as costas arcadas, não estão tanto mais. Obrigada. Te agradeci daquela vez, mas tem outro gosto Te agradecer agora. E se eu fosse aí? Onde Você está. Pessoalmente penso haver mais efeito. Te olhasse bem na face, não naquela que bateram - aqueles desgraçados, se fosse eu... - Viu só? Não tenho jeito, não vejo como fazer de novo, como Você disse? Ah! O caminho da humilhação, às vezes é o único, senão, trava-lhe a vida. Você me conta como conseguiu? Não a outra face, mas dar de novo aquela que já machucara por causas que nem Tuas eram. Como foi que fez? Deve ser por isso que Te vejo sempre altivo, de linda silhueta em meus sonhos, mas também de olhos prestes a chorar, mesmo sorrindo. Você fez aquele caminho, não foi? O Teu próprio? Por isso nunca Te vejo arcado, como se carregasse o mundo nas costas, igual eu. As pessoas Te congratulam por isso? Acho nobilíssimo tal feito: refazer o caminho e depois anda para frente. Sem lembrar da face machucada brutalmente. Me pego aqui fazendo a oração de Gandhi, Jesus, não se ofenda com ladainha, peço-Te. Não. Deixe. Juro que resolvo sem Te preocupar. Verdade! Não Te incomodo mais com isso. Ainda sou forte e por hora, Você me dotou de juventude. Meus ais nem doem tanto assim, confesso. Não os novos, os antigos. Aqueles que me fazem querer ser como Você. Me conta, como conseguiu?

A RITA
Enviado por A RITA em 08/09/2016
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