CARTAS DE lISBOA

CARTAS DE LISBOA

Agosto/2016

Esta capital está reciclar-se. Restauram-se muitos edifícios de traça antiga, de que fica apenas a fachada o que não é bem um restauro, mas no fim construir de novo. È o chamado restauro de fachada.

A fachada é o que hoje importa, o que se vê e não estou só a pensar na construção mas na tapeação em geral.

Ruas praças e jardins estão a levar uma volta que incomoda sobremaneira o trânsito automóvel, levanta clamores e desafia a paciência dos cidadãos do volante e peões que tenham de enfrentar barreiras, salta-las ou contorna-las, e embirrem com os planos do presidente para a cidade.

Os hotéis proliferam o que quer dizer que há clientes. São na maioria turistas que hoje na zona da baixa formam multidões. Na verdade são manifestações espontâneas sem ordem sem mandantes livres como as pessoas que as compõem. Esta liberdade de circulação por toda a Europa sem passaporte ou com ele está hoje ameaçada, mas seria bom que e não houvesse retrocesso.

O nosso sol encanta os povos do norte. Os vikings também se encantaram há mais de mil anos e vieram fazer-nos umas visitas sem convite, mas não seria o sol a encantá-los, mas a cor de ouro, o saque puro e duro. Agora vêm devolver-nos e só trazem e de plástico aquele capacete ornado ou cornado para apoiar os seus teams de futebol. Como os tempos mudam! Até os bigodes loiros e retorcidos são falsos e só servem nas festas e futebol. Entretanto os portugueses também perderam o bigode preto e farfalhudo e os famosos tamancos com que jogavam à bola- uma lamentável perda de identidade. Quem nos poderá agora identificar como portugueses? E como poderemos agora identificar-nos a nós próprios. O problema da identidade é grave. Estamos a refletir mas nem todos o que é mais grave ainda. Muitos não têm reflexos nem refletor e isto devia ser uma atitude coletiva. Sem um coletivo de apoio perde-se qualquer desafio mesmo um desafio à própria mente e à mentalidade dos parceiros. A nossa identidade está em nova formação ou em deformação? A Europa aceita propõe ou impõe identidade? Estamos num caminho longo, onde o respeito mútuo será a base de uma identidade europeia longe de ser adquirida ao nível político, e a outros níveis. Lisboa não deve prescindir dos laços da lusofonia, um abraço aberto ao mundo e à Europa que propomos temperada com esse sal do mundo.

Arbogue
Enviado por Arbogue em 25/09/2016
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