Querida G, meus motivos

Você me deu mil motivos para fugir e nenhuma para ficar.

Continuo procurando aquele entardecer que me roubaste e o qual nunca mais voltou a refletir-se na minha vida. Se tivesse a oportunidade de escolher, te escolheria no lugar de toda essa catástrofe, apesar de saber de forma antecipada que serás uma ferida que, com o tempo, tornar-se-á essa crosta que vou tirar para que nunca cure. Assim prejudicial sou comigo mesmo. Fico doente aos únicos e raros momentos que sofro de felicidade. Com a poesia me acontece como um viciado com a droga. Por isso procuro pessoas nocivas que, como eu, preferem uma história com cicatrizes, tão intacta que qualquer suspiro possa quebrar. Por isso me apaixono por tempestades. Por isso me apaixonei por ti.

Pode haver mil milhas entre nós, mas em algum campo eletromagnético, nossas almas se atraem até que dois mundos desmoronam. A vida é assim, às vezes: basta um pouco de magnetismo para que dois, portanto, são completamente diferentes e opostos que se atraem, como dois ímãs potentes e enormes. Sem distâncias que os impeça. Eras assim, disposta a enfrentar o mundo, a projetar um coração à prova de covardes, apesar de se tornar na própria covardia. A querer que todos os matizes falassem do teu olhar, Que todos os contrastes tivessem um lugar na sua alma tão desolada.

De todos os meus erros, tu serias a minha sentença fatal, minha condenação que me levava para a sepultura e a história da que me aconteceria falando o resto da minha vida comigo mesmo.

Eu antes de ti, sabia que queria encontrar um vício mortal que me impediria de sorrir. Depois de ti, sei que não há nada nem ninguém a quem procurar, porque com você descobri que jamais encontrarei em outro vício que me leve direto para a morte, desde o primeiro degrau desta escada de penitência que é a vida. "De vez em quando agradeço por seguir a corrente da razão", me aconselham. Depois mostro uma fotografia tua que queimam toda palavra dita.Siga em frente com sua vida, mas, por favor, não te apaixones por alguém como eu. Não faças esse mal.

Vil Becker
Enviado por Vil Becker em 15/10/2016
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