Carta de uma terça de ausência

É que a gente não precisa de amarras pra se amarrar. A gente só precisa talvez escrever uma carta, como te faço hoje.

Sabe aquele teu sotaque? Ainda escuto ao ligar a TV no teu seriado preferido. E incrivelmente me pergunto como te tornaste um ser tão único em tão pouco tempo no teu passar por minha vida. E eu queria tanto que você nunca fugisse de mim e que o tempo voltasse, te juro que viveria exatamente igual, talvez até com a mais profundidade do além, só pra ter ao lado a tua maturidade que tanto eu admirava e tua inteligência astuta.

De fato, como sabes, muitas pessoas já passaram por minha vida, já encontrei muita gente com uma inteligência impar, outras com uma maturidade inigualável, outras com um pensamento tão sensato que poderia facilmente ser o próximo Hegel Kant ou Michal Foulcault, porém nunca encontrei algo numa tão perfeita harmonia como encontrei em ti, parecia mais os solos do Slash!

Passaria horas a te ouvir falar qualquer que seja assunto, mesmo sendo nós tão distintos, digo humanas e exatas, mas só pela tua empolgação, pelo tua tão fácil abstração, te juro meu bem, eu poderia ficar horas sem até me mexer a observar-te tão perfeitamente em teus traços místicos um tanto europeu um tanto asiático. O som da tua voz ainda ecoa em meus ouvidos compondo a mais perfeita união de acordes.

Éramos tão combinantes que mais parecíamos a doce união entre a Jamaica e Espanha, porém nossa fronteira era proibida, tu se foi. E eu fiquei tão assim num desleixe qualquer, num sei lá o quê de saudade e num pensamento bobo da falta que tua ausência me faz. Teus olhos castanhos ainda continuam sendo meus refletores na escuridão das noites e ao deitar-me ainda posso sentir cada suspiro de tua respiração.

Não sei de fato o que houve entre nós, talvez um romance psicodélico e lisztomaniaco, ou sabe-se lá se descobrisse que eu não presto como canta Amy, afinal eu gosto de batatinhas e cervejas, também curto uns bares a amanhecer o dia.

Pois é meu bem, porém diante de tudo, ficou uma lacuna não preenchida, e essa chama-se saudade, como sempre ela. E esse sentimento que sinto, ah sei lá, não diria que te amo, até porque isso como de costume sempre te disse, nasce sorrateiramente assim bem de mansinho como o sol se põe e a noite adentra, porém diria que não preciso dizer que te amo pra me amarrar, tampouco dizer que hoje é terça e eu te sinto com uma imensa falta.

Hoje é terça, a paixão me embriaga, minha lacuna impreenchível hesita ficar vazia, te escrevo pra dizer que mesmo só por hoje, espero sorrateiramente teu amor, apenas.

Marinara Sena

26/10/2016

22:50 Pm

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 27/10/2016
Reeditado em 27/10/2016
Código do texto: T5804327
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