Carta de uma sexta de ausência

Menina, estou aqui pra te dizer: não te preocupas.

Você vai ser feliz mesmo que ele não te responda aquela mensagem às seis da manhã com a ternura e afeto que costumava ter,

por essa tua incessante tentativa de amarrar novamente os laços.

Você vai se reerguer e se reinventar a cada raio florescido do nascer do sol.

Nascerás com ele em cada amanhecer mostrando teu brilho mais bonito: tua sensatez.

Não te preocupas, tudo vai passar em questão de alguns dias ou meses, te juro.

Não irá perdurar por anos e, metaforicamente, irás apenas lembrar-te com um sorriso de canto de boca, tomando teu café matinal descafeinado e lendo um conto de Clarice.

Voltarás a ter Natais como antes,

transbordando de amor, não só pela época,

mas também por outro alguém.

Porém precisas entender: essa é tua fase.

Estás no casulo nascendo de novo para em breve tocar asas para esse mundo que te espera e para essa vida generosa.

Ah, não descreia!

Ela é mãe natureza,

Ela espalha ocitocina,

te presenteia com as mais belas cores e flores de outono.

Sim, passarás pelo outono.

Porém, é no cinza que as mais belas fotossínteses nascem para o veraneio.

Estarás sem ele.

Sim, de fato.

Mas, não te consideres fracassada.

Foste capaz de amar, e isso é dom, não se o fez para todos.

Tu sabes menina, que tem o próprio dom, tão único, de amar tão intensa e pura.

Seja grata.

Ele te ensinou que amar vai além de amar outrem,

te ensinou que quanto maior a tempestade, maior é o verão que está por vir.

Quanto aos dias de ausência, como nessa manhã de hoje,

nada mais é, do que teu eu te chamando pra dentro de si.

Talvez tu não saibas, mas existe um paraíso em ti que ainda há de ser lapidado com a melhor forma de amor: teu íntimo.

Quero também repetir, que de nada perdestes desta ausência que te auto torturas, não!

Foi apenas o começo para uma melhor presença que chegará quando enfim te tornares a mais encantadora e colorida borboleta.

E não te esqueças: quando lembrar que precisa chorar, chore pelo bem que tudo foi e nunca esqueça que você é grata a essa constelação de sentimentos que ele te fez florescer.

Já quanto a gratidão e florescer: eu não preciso te ensinar, tu já transborda de tais.

Quanto a ausência dele: não pense. Apenas respire e corra ao ar livre de preferência usando o som da chuva como trilha sonora.

Menina, tu sabes que dominas bem aquela tal de resiliência.

Então resilie-se.

Um beijo do seu amor,

próprio.

Marina Sena

26/12/16

07:23 am

Marinara Sena
Enviado por Marinara Sena em 27/12/2016
Reeditado em 30/10/2020
Código do texto: T5864650
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