Para sempre tua,

31 de maio, 2015

Oi pequena, percebeu na cor do envelope? Era a cor do seu cabelo de quando te vi a primeira vez tão distraidamente na entrada do condomínio na ilha. Um castanho claro que tende ao caramelo quando a luz do sol reflete. Apoiada de lado jogando o peso do corpo em uma perna só enquanto jogava sua franja de lado, do jeito que só você faz para arruma-la. Ou seria o jeito que eu reparei só em você?

Infelizmente não percebi seu encanto logo de começo, você toda acanhada e na sua só foi dar papo pra mim depois de me analisar toda como um gato que tenta prever perigo antes de se render aos carinhos e mimos. Realmente, você é uma gata.

Depois de me analisar toda pessoalmente, e antes mesmo, em fotos, você passou por cima do ciumes de sua amiga ter trazido uma amiga nova para as trilhas da ilha e me deu uma chance de conversa. Eu no meu mundo até então tão limitado, tão cabeça de interior frente a imensidão que tu és. O destino deve ter gargalhado com a possibilidade de uma história a se começar, mas começou. Você abriu a boca num sorriso e disse algumas palavras. Foi aí que me vi apaixonada pela paixão, quanto pleonasmo.

Ao menos sei o que foi, se foi a voz, o sotaque, o modo como arruma sua franja ou a covinha ao sorrir, juro que não sei, mas de que se importa não é?

Após o primeiro contato que tivemos, um pouco mais tarde naquele dia, na praia, eu tive então a certeza da nossa conexão. Dizem que quando almas gêmeas se beijam as estrelas descem do céu e dançam pelo local mas não sei dizer se ocorreu porque estava em transe com seu beijo. A química foi imediata mas minha passagem pela cidade, infelizmente, era momentânea.

Porém, mesmo após eu partir da Bahia para seguir minha vida fiz questão de te levar comigo, nas lembranças, nos momentos, na tentativa de manter contato. Papeávamos muito num dia mas você sempre acanhada no dia seguinte, como se eu tivesse que te conquistar a cada dia como no clássico da TV.

Você me lembra muito uma arvore de jatobá sabia? Tronco firme, com várias ramificações e com inúmeras coisas a se oferecer mas os frutos, mesmo de casca dura, revelam um interior mole. E por mais que seja uma árvore de porte forte o vento bate e mostra seus galhos fracos e sensíveis.

Bom, chega de melaçao pois isso não é uma carta de amor. Eu não gosto do comum, mas rabisquei essa pseudo carta, que nem se compara a seus textos lindos e metrificados, cinco meses antes de seu aniversário para desejar felicidades a pessoa mais incrivel que conheço nesse mundo. Aproveitei a inspiração epifânica da madrugada. Você merece o além de qualquer coisa palpável do universo e do não concreto tenho certeza que já tem tudo. Tem tudo no interior da sua alma esperando apenas a música certa, o momento certo, ou a pessoa certa para aflorar. É, eu tentei ser essa pessoa… mas o acaso nos separou. Foi como dizia Caio Fernando Abreu: “Eu te amei muito. Nunca disse, como você também não disse, mas acho que você soube. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que a gente se envergonhe de dizer, a gente não devia ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia a gente vai se encontrar de novo, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender todas as vezes que fugi de você e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu direi delas, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em você: eu só queria que você soubesse do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra você. Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito em alguém, como você existe em mim.”

Enfim, te desejo uma vida terrena longa para cumprir todos os sonhos, uma vida espiritual eterna para acompanhar sua imensidão, muitas festas que te colham resenhas, pessoas que te roubem sorrisos seguidos da covinha e tranquilidade para sua ansiedade. Tenho certeza que tudo na sua vida dará certo só pelo jeitinho que tu é.

Um beijo com muito axé, ‘carin’ e alecrim. Te amo

Pra sempre tua,

Lola S
Enviado por Lola S em 06/02/2017
Reeditado em 06/02/2017
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