Carta a um suicida
Não lhe disse tudo o que devia, nem tão pouco tudo o que precisavas ouvir...
Falhei.... pois não pude impedir-te de ir embora, fugindo, com medo, assustado... para sempre...
Não fui também suficiente... não soube lhe oferecer amor. Mas creio que nada seria suficiente para teu perturbado coração...
O que sei é que guardarei comigo teu sorriso e teu olhar suplicante de amor.
Saibas que eu queria ter lá estado... chegado a tempo e em meus braços te embalado qual criança e com a mão tirado tua dor...
Uma dor que não sabias de onde vinha, mas que sempre te dominou e guiou...
Foste fraco, creio eu, sempre fraco, mas ainda assim foste suficientemente nobre para me ensinar de força... Conduziste-me por um caminho que jamais seguistes, mas soube me guiar... E se hoje eu posso reafirmar que sou forte... devo a ti!
Contigo aprendi a triste lição que amar não basta, que há seres que simplesmente precisam de mais...
Você foi amigo, foi amante, foi companheiro...foi o mais próximo de um nós que eu já vivi...
Você foi lágrima, foi adeus, foi dor...principalmente quando decidiu que era a hora do fim...
Não consigo imaginar o quanto foi difícil para você fazer a dor ir embora, apagar definitivamente a luz, mas não te julgo, nem tão pouco os que como eu te amaram... um amor que nunca bastou pra ti.
Você fez o melhor que pode, sabemos que foi tão pouco, mas foi o teu melhor...
E hoje, eu luto para acreditar que após tanta agonia, Deus misericordioso te envolveu em Seus braços e ali finalmente acabou a dor, ali você conheceu o amor que procurava, um amor tão imenso que finalmente te bastou... e tu sorriste, e ainda sorri... tão docemente como outrora... e segues sorrindo... e estás feliz...
Acabou, meu querido, acabou.... não há mais dor, não há mais dor...