MEU VELHO

Pai. Parece que ainda outro dia você morria.

Deus, a lembrança ainda é uma faca no meu peito.

Seus olhos presos nos meus.

Era um adeus...

Até quando? ... Eu me pergunto ainda.

Aprendi a lidar com a dor da perda.

Tem horas que penso.

Mas eu lhe perdi?

Só não o tenho aqui.

Mas você vem.

Quando choro vem enxugar minha lágrima.

Quando rio sinto que vibra comigo.

Assisti a sua morte.

Doeu.

De qualquer forma doeria.

Mas sua partida.

Que agonia!

Eu o vi partindo.

Indo, indo...

Queria lhe segurar.

Suas mãos comecei a agarrar.

Puxei-o para os meus braços.

Mas o poder de segurá-lo eu não tinha.

Ninguém tem.

Então você me falou as palavras derradeiras.

Lançou-me um último olhar de despedida e neste olhar estava expressa toda sua dor em estar me deixando.

Meu querido ainda nos reencontraremos.

Toda esta saudade mataremos.

Foi preciso que você morresse nos meus braços para eu entender mais da vida e da morte.

Mas sinto-me privilegiada.

Mostrou-me, pai, o quanto por você eu era amada.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 11/08/2007
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T602630
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