Eu Canto para não chorar!....

Eu tenho por pensamento que, "não é escritor quem quer, e muitos o são sem querer"!... E vem-me isto a propósito de uma mensagem que eu recebi de um Amigo de Angola, o Jornalista Fernando Cruz Gomes, um Ilustre Escrevinhador Lusitano que Emigrou para o Canad. Ele, ao analizar alguns dos meus escritos sobre Retornados de Angola naquele tempo, ele me escreveu esta Carta que vos transcrevo na integra aqui embaixo e também me mandou uma gravação em Áudio com o alegórico título de “O Potêncio outra vez a chorar”!
Eu recebi essa carta com uma certa surpresa,  pois que eu nunca me encontrei pessoalmente com o Carissimo Jornalista Fernando Cruz Gomes, ou... se isso aconteceu deve ter sido muito fugaz numa das minhas poucas visitas ao Jornal A PROVINCIA DE ANGOLA onde eu fui lá algumas vezes na vã ilusão de ali publicar os meus poemas de então no início dos anos 70 do século XX.  
Eu digo que foi uma grata surpresa porque, mesmo à distância há amizades sinceras que jamais se esquecem. Neste caso a carta (ou “mucanda” como se dizia na linguagem local) me trouxe uma nova inspiração para reescrever muita coisa que eu já tinha deixado para trás mas, hoje venho aqui para acrescentar uma música de fundo a qual se encaixa perfeitamente neste sentimento tão magistralmene adivinhado pelo Amigo... iii... como eu costumo parodiar... aatãon lá bai!
<< O Potêncio outra vez a chorar...
Não restam dúvidas. Quando o Potêncio escreve – e da forma que o faz – não é ele a escrever.
-Tão pouco o que se vai lendo... se pode ler sem ter, ao lado, um dicionário místico daqueles que têm a ver, tâo sòmente, com o linguajar da Alma que, vindo das terras de África – especialmente Angola, eu sei – deixe entender o simbolismo dos conceitos e o explanar de atitudes.
O Silvino sabe manejar, como poucos, a pena. Aprendeu, talvez, nas escadas íngremes da Leba, à sombra de um ou outro imbondeiro que ainda por lá deixaram, quiçá mesmo a mergulhar os pés na água do riacho ou do mar... que une as Pátrias sem as escravizar. Portugal. Brasil. Angola. Por que não o Canadá, também?!
A verdade é que os tais “retornados” – e muitos nem “retornados” podem ser porque só se “retorna” onde já se esteve – criaram uma forma de ser muito sui generis. Entendem a alma dos outros e só pedem que lhe entendam a sua. Nivelam pelos seus os conceitos dos outros, entristecendo-se, de morte, quando entendem que... mais uma vez os enganaram.
E é por isso que eu entendo cada vez mais o Silvino Potêncio. Mesmo que ele diga que não, ele escreve a chorar. Mesmo que queira fazer rir, que se amarfanhe para ninguém lhe ver as lágrimas... ele está mesmo a chorar. Um passado que se foi?! – Decerto. Mas chora, também, um Futuro que... assim... é capaz de o deixar de ser.
Deixem o Silvino chorar. As suas lágrimas juntam-se às de muitos outros, espalhados pelo mundo...  Pode ser que façam um mar. Um mar só nosso. Que nos una a todos. Mesmo àqueles que da lei da morte se foram libertando.
Olá, Silvino! Eu também choro... sabe?!
Só não tenho – não consigo ter – a sua habilidade de amarfanhar os sentimentos. E tentar que pareçam sorrisos... as tristezas de uma alma que é igual à sua.
- Fernando Cruz Gomes – Toronto>>
Acrescento um último detalhe que,  certamente muitos dos leitores já devem ter notado ao ler os meus contos, poemas, ensaios e sobretudo as minhas crônicas, onde eu costumo utilizar frases e verbetes a mais das vezes circunstanciais e adverbiais conforme o tema de cada texto. Assim,  quando escrevo sobre coisas do Nordeste Transmontano, com certeza vamos encontrar muitas palavras do linguajar das minhas terras de origem. Já quando eu escrevo memórias de Angola, ou até mesmo textos atuais do Nordeste Brasileiro, por certo também vamos encontrar palavras e muitas corruptelas das palavras que aqui se usam diáriamente.

Silvino Potêncio  - Natal/Julho/2017  
 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 06/07/2017
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