Senhores pais

Se o seu filho ouve e respeita os mais velhos, gosta muito de ler, toca um instrumento musical, pratica algum esporte, trata bem os animais e fala fluentemente um segundo idioma, parabéns. Você terminou a sua parte. O resto é com ele.

Com os mais velhos, seu filho aprenderá sobre convívio, direitos, deveres e limites. Isso qualquer velho ensina. Mas se ele souber identificar os velhos sábios, aí sim vai ouvir sobre espiritualidade, humildade, altruísmo, tolerância, propósito, persistência e LIVROS!

O gosto pelos livros fertiliza a imaginação, desenvolve a criatividade, aprimora o raciocínio e provoca a curiosidade. A abundância da leitura leva ao domínio da escrita. Então, se um dia seu filho tiver algo relevante a dizer, ele saberá se expressar. E é bom que ele tenha algo a dizer, porque talvez o propósito da Vida seja apenas esse: deixar uma mensagem.

Palavras são importantes, mas não se esqueça da MÚSICA.

Antes de ir com seu filho ao cinema pela primeira vez, leve-o para ver uma orquestra. Permita que ele vivencie a união de cordas, sopro e percussão na forma mais pura, direto da fonte, e não através dos filmes da Disney. Espero que ele se encante com algum instrumento, manifeste o desejo de aprender a tocá-lo e que você o incentive. Seja qual for o resultado, essa experiência irá acompanhá-lo pelo resto da vida. Enfim, tomara que seu filho consiga reconhecer um violino antes mesmo de saber quem é o Mickey.

Livros e música fazem bem para a mente. No entanto, para benefício tanto da mente quanto do corpo, existe o ESPORTE. Não falo aqui da quebra de recordes mundiais por atletas de elite. Esqueça isso. Vamos focar naquilo que importa no fim do dia para o ser humano comum. Do ponto de vista mental, me refiro à disciplina, dedicação, superação e competição, que ensinarão seu filho a manter o respeito nas vitórias e a dignidade nas derrotas. Já no que diz respeito ao corpo, falo de alongamento, fortalecimento e condicionamento. Oriente seu filho a não se descuidar dessas três coisas, pois a recompensa é grande. Que desde a infância até a mais madura das idades, ele seja capaz de ficar em pé e tocar o chão sem dobrar as pernas. Que ele consiga ajudar um amigo com a mudança sem precisar faltar ao trabalho no dia seguinte por causa da coluna. Que ele suba alguns lances de escada, corra alguns quilômetros, pedale alguns minutos, nade alguns metros... E que no final ele não esteja infartando, mas sorrindo.

E por falar em sorrir, seu filho precisa de um cachorro. É sério. Uma criança que nunca teve cachorro se torna um adulto incompleto. Tudo bem, tem também os gatos. Mas gatos não ensinam quase nada para as crianças. Aliás, dependendo do gato, ele pode até ser um mal exemplo, isso sim. Gatos são para adultos. Gatos são complexos, misteriosos e independentes, exatamente como os adultos fingem ser. Cachorros são simples, espontâneos e companheiros. Esse é o tipo de influência que você quer sobre o seu filho. O importante é desenvolver um sentimento de amor e respeito pelos animais. Não se preocupe com a raça. Criança não liga para essas coisas. Um vira-lata trapalhão e bagunceiro vem com as mesmas funções básicas de um border collie adestrado que late em inglês, o que me leva ao último tópico.

Abundância de leitura e domínio da escrita devem ajudar seu filho a ser bem sucedido por aqui. Mas a fluência em um segundo idioma vai transformá-lo num cidadão do mundo. Viajar, estudar e trabalhar ganham um sentido mais amplo quando o planeta inteiro serve de tabuleiro.

Sendo assim, que seu filho conheça outros povos e culturas, peça comida, vinho e cerveja no idioma local e assista a filmes estrangeiros sem legenda para encher você de orgulho. E qualquer que seja o país onde ele escolha viver, tomara que perto da casa dele tenha um parque, onde ele possa correr de manhã e passear com o cachorro à tarde. E quando ele ouvir a música arrebatadora de uma cena inesquecível no cinema, que seja capaz de reconhecer cada instrumento.

Que ele tenha muitos livros.

Por fim, desejo que ele goste de falar de tudo isso com você, não só por ser seu filho, mas porque você se tornou um velho sábio.