De dentro de mim...

Eu, sinceramente, não sei o que é mais difícil, falar sobre mim ou organizar os pensamentos para começar a falar. Tem sido tão difícil ser eu ultimamente que não sei se ainda consigo (ser eu mesma).

Eu minto. Eu sou e sempre fui muito diplomática, sempre tentei dar o melhor de mim à todos que apreciavam minha companhia. Muito dificilmente expressei minha real opinião sobre as coisas. Eu minto pra mim mesma. Eu gosto de futebol, eu adoro discutir sobre política e religião, mentira. Eu estou tão acostumada à não ser eu mesma que tenho medo de esquecer quem eu sou, minhas ideias, meus ideais, meus sonhos, minhas manias. Se tudo isso é que me faz ser quem eu sou, então eu não sou ninguém. Não tenho opinião própria, não tenho uma ideologia, nem objetivos.

Eu costumo absorver a história das pessoas com quem me relaciono, e não só a história, mas as ideias, os sonhos, eu acabo me confundindo com a pessoa, com o final da pessoa, onde a pessoa termina e onde eu começo. Eu sempre obedeço, sempre agradeço, sempre dou apoio, sempre digo sim, sempre deixo a minha vontade de lado. Eu sei, é horrível. Talvez eu seja mesmo uma pessoa horrível. Uma sombra vagando pelo mundo sem propósito. Essa sou eu.

Sempre foi assim, sempre me anulei em prol de algo ou de alguém. Nunca me relacionei com uma pessoa com quem eu pudesse ser eu mesma e expressar o que eu sinto de verdade, sem meias palavras, sem engenharia social, sem joguinhos de descobre se é verdade. Mas o pior de tudo isso ainda é ter que esconder tudo isso, continuar fingindo, por medo, por covardia. Sim, eu sou o tipo de pessoa que se importa com a opinião alheia. Infelizmente não consigo ser diferente.

Não me sinto à vontade comigo mesma, nem pra escrever sobre mim. Sou uma covarde. Não deveriam existir pessoas assim no mundo. Todos deveriam ter a coragem necessária pra enfrentar seus medos. A gente devia nascer com um botão de coragem extra. Quando fosse preciso era só pressionar e pronto, poder fazer tudo aquilo quer tem vontade.

Eu queria tanto...Queria tanto tanta coisa...um relacionamento saudável com uma pessoa que me amasse, poder dizer o que eu penso, poder fazer o que eu quero e quando quero, dormir sem roupa, andar descalça, tomar banho de chuva, dormir até tarde no domingo, fazer amor de madrugada, poder usar o limite do cartão todo com sandálias...ah se eu pudesse.

Os relacionamentos amorosos poderiam ser menos complicados, menos emoção, mais razão, mas daí não seriam sentimentos. Concluo então que é um caso sem solução. Sei que opções eu tenho, ou eu mudo ou as pessoas me mudam (elas tem feito sempre isso e eu não tenho feito nada). Complicada essa vida de canceriana nos dias de hoje...

Desculpe-me esse desabafo, acabei falando tanto sem organizar os pensamentos, esqueci o que aprendi sobre coesão e coerência...

Espero que você me entenda, ou apenas entenda o que escrevi.

Devo estar naquela idade de crises existenciais.

Sem mais por agora...

Desde já obrigada por simplesmente me ler...

Thalita Gaspar
Enviado por Thalita Gaspar em 22/08/2017
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