Carta aberta para um coração fechado

Em quantas direções erradas eu poderia novamente estar? Das milhares de maravilhas que os meus olhos viram, qual delas não seria para mim intocável? No final de tudo que passa pela mente de um palhaço, nada pode ser mais ironicamente perturbador que um sorriso. Mas é o único ponto de luz que eu vejo no Universo nesse momento. E é estranho quando seus ouvidos escutam três simples palavras, que podem bater de leve como uma brisa de final de tarde ou fatalmente como um tiro de rifle no meio do peito. Eu ainda não sei o que me atingiu. Aquela velha história de “ainda que eu falasse a língua dos anjos sem amor...”. Os anjos nunca falariam de amor da forma egoísta como nós meros mortais falamos, por isso são anjos. Quando coisas simples acontecem, o rio encontra o mar sem nada derramar (odeio rimas), e eu simplesmente respiro de novo sem precisar pensar em mais nada que não seja estar com você mais um pouco, como se eu pudesse por um segundo tocar em um pedaço do Paraíso. Não sendo eu digno, um segundo é querer demais, e talvez querer demais agora seja tentar novamente mergulhar o Sol na escuridão. Para um coração confuso como o meu é difícil imaginar se eu vagueio em algum canto de seus pensamentos. Dentro dos meus esse brilho ainda distante, o ponto único de luz no Espaço, sem saber se estou indo em direção ao seu glorioso sorriso ou se apenas estou novamente perdido na gravidade dos meus próprios sonhos. E o que mais esses olhos iludidos poderiam querer? Ao te ver novamente da forma mais doce e inevitavelmente delicada que existe, como algo tão puro e precioso que é, e assim eu me perturbo em encontrar uma outra forma de estar perto de você sem que eu seja o fogo e você a neve. Dentro dessa minha imensa coleção de planos falhos, é em seu coração onde eu procuro novamente um lugar de descanso, dia após doloroso dia.