Meu pai e as 29 cartas de dezembro. Dia 19 de dezembro.

Pois é Pai, está chegando outro natal, logo depois vem ano novo, quem diria 2018 chegando com pressa.

Às vezes preservo o sentimento infantil, apesar de meus quase 40 anos, penso que quando uma pessoa falece ela fica presa naquele ano, o seu foi em 2016, que coisa, o senhor veio para este plano cloniciar sua missão em 1945, ano histórico, para o mundo e partiu silenciosa, como uma sinfonia que começa numa harmonia mais chamativa e se suaviza quando está findando.

Como pode pai, minha ficha ser tão retardada que só hoje me dei conta de que sua viagem foi definitiva, para lhe rever, se vou ter esse privilégio, só quando chegar a minha hora.

O privilégio de te ver, te ouvir, saber que estava falando comigo ou para mim, estranhamente acabou.

Não lhe vejo ou ouço nem em sonhos, só nas fotos e vídeos que fiz quando pude.

Mas, sei Pai, o senhor está bem.

Este ano de 2017 mesmo o senhor não estando fisicamente, esteve e está me vendo.

Depois de sua partida, tive prova de que o senhor estava comigo.

Precisei resolver uma questão numa agência bancária e um conhecido, me cumprimenta de uma forma como jamais fez, me chamou de "sargento", o senhor sabe, pai, esta era a forma como muitos o chamavam, estranhei, mas, tudo bem.

Ao chegar no banco tive problema com una senha e fui direcionado ao primeiro andar do prédio, a demora foi descomunal, mas, do nada, começa alvoroço e agitação no térreo, se tratava de um assalto, minha esposa, se desespera e tenta se esconder no banheiro feminino, mas, tive uma calma, como se estivesse preparado e a encaminhei ao banheiro masculino, era um banheiro mais recuado, daí, ficamos lá por uns 20 minutos, ouvimos quando os ladrões se dirigem ao banheiro feminino e dizem para todos saírem e se mais alguém estivesse escondido eles matariam, o fato é que eles cegaram e não viram o banheiro onde nos escondiamos, ouvimos tudo, mas, não fomos atingidos, detalhe o cofre ficava no primeiro andar, onde estávamos, mas, nada nos aconteceu.

Então, com a cabeça mais fria, tempo passado, entendi, por que aquele conhecido me chamou de sargento. Sim, Pai, o senhor intercedeu junto a Jesus e ele a Deus por nossa segurança.

Sei que a morte, não se trata de um fim, mas, uma passagem. O problema é a falta que o senhor me faz.

Te amo e as cartas vão continuar.