A carta do fim

O outro lado (A carta do fim)

Meu Egocentrismo refletiu o seu.

Me puniu por seguir e somente optei viver.

Por mim ninguém o podia fazer.

Você olhou somente a si; nenhuma contradição.

A semelhança do ser ou não ser.

Você não trilhou só na desolação.

Nossa história não teve vilões, não há punição.

Meu espelho foi cristalino, em que minha alma despi;

lealdade incondicional; não me escondi ao padecer.

Nós erramos para aprender.

Seres humanos que tentaram, nada de infame há para julgar.

Se não evoluímos; focados no próprio nariz

estaremos cometendo o mesmo erro em ciclos sem fim.

Sentimento não se força, cega me coagi a penetrar seu mundo

quando amor não se implora, não se manda no coração

nem se escolhe a quem amar.

Escravizada pela ilusão, vivendo em função de sentir,

sem saber a verdade eu segui pela metade.

Você cedeu a minha constante intimação

ignorou a regra básica; o amor começa de dentro.

Não se exige, não se compra, jamais fere.

Amor de verdade foge a tudo que é nocivo.

Assim uma tempestade se formou no que sinuoso se instalou.

Um dia implorei amor de um ser que jurava conhecer.

Mentiras derrubaram a máscara e meu mundo desmoronou.

Ainda assim embarquei ferida no impreciso acesso

prevendo proeminente catástrofe.

Meu coração foi idôneo, jamais premeditei ferir.

No decorrer das pedras concluí

ao que se está fadado ao começar errado.

Quando meu peito abriu num buraco em chamas

tolamente romantizei, perdi a razão, não podia crer.

Perdoei o imperdoável quando não era capaz.

Hoje eu sei; você não foi intencional.

Por que então o seria eu?

Da mesma forma que sigo jamais quis ferir.

A vida nos leva por outros caminhos enfim.

Jamais diga que fingi.

Você não estava em minha pele ao sentir

como foi se arrastar em consternação tentando seguir.

Nunca riria da sua dor.

Você conhecia minha história, ouviu as mais profundas confissões

sabia de toda a excruciante dor.

Não era meu primeiro coração partido.

Eu já havia morrido pela mentira da mão do destino.

Mas não assim nessa via cruel.

Chegaste em terreno ferido, calejado e sobrevivente.

Eu sabia tua dor, não me escondi de ti,

a verdade é dura como pedra mas límpida como cristal

mesmo sendo dura trouxe o sinal.

Não me arrependo de ter sido, ainda que a sua mágoa distorça,

não precisei converter a verdade em mentira por sofrer,

nem te punir por minha dor me corroer.

O destino conosco brincou.

Não te enganei e queria tempo para fazê-lo entender

foi por me importar que desertei.

Não me culpe por tentar, você faria o mesmo.

Não pude suportar à avalanche de enganos a que sucumbi.

Quando não existem culpados caçamos um fantasma

enquanto o egoísmo põe a corda no pescoço alheio.

O que aprendi não me permite te torturar.

Não te culpo por fraquejar.

Deixou-me marcas profundas que eu hei de superar.

Tudo fez parte da cega embriaguez.

Isso me custou caro mas não há porque.

Já pagamos deveras por nossa insensatez.

Naquele dia em que me matou, me jogou para a sorte

não se deu conta que a vida é um ciclo.

Amar é pular.

Ao faltar com honestidade plantamos maldade.

Num dia afligimos e no outro esperamos;

do mesmo jeito que feri fiquei para morrer.

O principio da dor é causar e sofrer.

Daquela que foi sua.

Escrita em 2016

Helena Dalillah
Enviado por Helena Dalillah em 10/01/2018
Reeditado em 27/11/2019
Código do texto: T6222687
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