A outra carta

Gostar de você tornou-se um fardo pesado demais. Tô parando por aqui.

E não confunda com qualquer tipo de falta de coragem. Mas é que de alguma forma, os dias ficaram mais longos e eu mais distante de mim.

É! Tô parando por aqui. Assim, meio sem jeito e um tanto até sem vontade. Mas acontece que eu desaprendi a sorrir de dentro para fora e o único corpo estranho que tem dentro de mim é você. E acredite: não há culpados. Nem eu e nem você. Mas convenhamos que eu te dei mais espaço do que realmente poderia dar.

Sim! Eu tô parando por aqui porque até a saudade do que não foi me sufoca e, no "fim das contas", é tarde demais para perceber que não há perdão por ter estagnado nas projeções feitas pelo "nada" e para "nada".

Tô parando por aqui porque é inútil alimentar o que não tem fome, mas acabou virando um vício de linguagem, uma construção imprópria sustentada pelo alicerce da insensatez.

Eu tô parando por aqui para tentar me convencer de que uma hora a gente tem mesmo que parar. Ainda que tenha que matar um ou outro sentimento. Eles morrem mesmo. É normal.

"Parar por aqui" não é meu maior desejo, mas talvez seja o melhor. Mas a verdade é que esta é somente mais uma das minhas "válvulas de escape" para tentar disfarçar o que não tem conserto.

Tô parando por aqui porque não há argumento válido para prolongar qualquer tipo de dor. Dor que cresce cada vez que a gente se olha, mas não se vê.

Tô parando por aqui porque a razão tem dado porrada no meu coração. Ele queria ficar...

Mari Gargano
Enviado por Mari Gargano em 25/01/2018
Reeditado em 25/01/2018
Código do texto: T6235599
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