No infinito de um mar escaldante
Não faz muito tempo que me afoguei em meio a tubarões de um mar profundo e infinito.
Nessa noite, sonhei que esse mesmo mar queimava de tão quente, suas criaturas rondavam meu sonhos e rodeavam minhas angústias.
Eu chorei quando acordei afogado, em chamas, resoluto dessa solidão salgada e cinza.
Nessa mesma noite meu pulmão foi preenchido por este mesmo mar gélido escaldante. Fiz parte de suas profundezas e desbravei criaturas desconhecidas e também solitárias.
Acontece que como parte de todo sonho acordei, mas, metade de mim era água, a outra, fogo. As mesmas criaturas que rondavam meus sonhos permaneceram reais quando abri os olhos.
Já não sei mais se morri naquele mar e ressuscitei nessa terra escaldante...
E já não quem sou: mar revolto, brasa que sufoca, criatura que ronda estes sonhos ou, pior, se sou peça inacabada, afogado nas profundezas desse mar sem fim.