Resposta a uma carta.
Minha eterna taPi,
Há tanto pra ser dito, tudo quer sair de uma vez só. Me entala na altura da garganta e sufoca. Sensação fria que da minha pele arrepio tira. Quem vai entender? Quem vai se importar?
Certa vez li não me recordo o autor, uma frase que dizia “barragens nas estradas são construídas por ex motoristas mutilados...” A verdade é que falta sensibilidade pra enxergar com o coração o sentimento do outro, seja ele qual for.
Então por quê me expor? Fantasias, ilusões, traumas, sonhos, desamores, não importa a escolha da versão. Ainda sim exposição.
Entregar mais uma vez tempo, alma e um pouco do coração pra mentes já programadas a rejeição.
Aqui dentro, o meu tudo, meu muito, tem as cores que eu pinto, o ritmo que eu preciso e a ausência do não.
Com o passar dos anos, eu fui perdendo o interesse em “fazer questão”, e todas as tempestades emocionais antes tão presentes em mim cederam lugar ao silêncio, e por vezes a minha ausência física.
Hoje eu permito que o tempo faça o seu papel, exige paciência, mas isso é indolor. Pois existem fatores que independem zelo, afeto e persuasão. E é preciso tempo para descobrir quem verdadeiramente merece o melhor da minha imperfeição.
Um dia quero ser como você me enxerga.
Pra sempre,